Folha de S. Paulo


'Não sou infiltrado', diz agente da Abin investigado no Rio

Sob investigação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo do Rio, o agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Igor Matela negou estar infiltrado a serviço do governo federal.

Ele confirmou à Folha que costuma participar de manifestações na cidade, principalmente as promovidas por entidade que critica os gastos públicos com a Copa.

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Ele e sua mulher, Carla Hirt, respondem a crimes supostamente cometidos durante protestos no Rio. O caso de Matela está sob análise da comissão, que investiga a participação de agentes infiltrados nas manifestações com o objetivo alegado de "incitar ataques violentos".

Matela foi autuado por desacato na 14ª Delegacia de Polícia do Leblon ao chegar no local para buscar informações sobre sua mulher. Hirt tinha sido presa sob suspeita de formação de quadrilha na manifestação em frente à casa do governador Sérgio Cabral que terminou em conflito pelas ruas do bairro.

Lá ele mostrou sua identificação de agente da Abin, o que levou a comissão a suspeitar que ele se tratava de um infiltrado.

O servidor nega a acusação. Sua mulher foi liberada após pagamento de uma fiança de R$ 700. "[Ir ao protesto] Foi uma decisão de engajamento político e não é a primeira vez.
Rotineiramente eu vou, sempre participei da vida política", disse Matela à Folha.

Ele e Hirt cursam pós-graduação no Ippur (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional) da UFRJ. Matela é mestrando e pesquisa a reorganização das linhas de ônibus na cidade.

A Abin vem monitorando a realização de protestos durante os grandes eventos, como a Jornada Mundial da Juventude.

A agência alerta o Planalto sobre a dimensão da mobilização e dos riscos que podem implicar. Matela afirma que não produz relatórios sobre o tema. Ele, porém, não detalhou sua função na agência. Hirt acusa policiais de prendê-la arbitrariamente.

"Eu e mais alguns manifestantes fomos presos sob a acusação de formação de quadrilha porque corremos de três carros que entraram atirando na rua em que estávamos", afirmou.
Segundo a Polícia Civil, ela foi detida com um grupo que depredava vidraças de lojas, pontos de ônibus e latas de lixo, e também ateava fogo.

A Abin informou que Matela está em férias.

A agência disse que não determinou a infiltração do agente na manifestação e que instaurou sindicância para analisar o caso.


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