Folha de S. Paulo


Popularidade de Dilma cai aos níveis de Lula no auge do mensalão, diz pesquisa

As reações da presidente Dilma Rousseff às manifestações de rua ainda não geraram impacto na sua popularidade. A avaliação da população ao seu governo caiu 24 pontos percentuais no período de um mês, depois das manifestações de rua, que são apoiadas por nove em cada dez brasileiros (89%).

As informações são de pesquisa realizada pelo Ibope, por encomenda da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

A queda na avaliação do governo já considera toda as reações do Palácio do Planalto e do Congresso aos protestos que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras ao longo do mês de junho. Essas reações também foram analisadas na pesquisa. Conforme o levantamento, 31% dos entrevistados deram nota "zero" para as reações da presidente Dilma às reivindicações.

A pesquisa foi realizada entre os dias 9 e 12 deste mês. Portanto, captou tanto as propostas apresentadas publicamente pela presidente Dilma em reação às manifestações, assim como a agenda positiva lançada pelo Congresso e o lançamento do programa "Mais Médicos" pelo governo federal.

Na última pesquisa CNI/Ibope, divulgada no dia 19 de junho, as entrevistas foram realizadas entre os dias 8 e 11 daquele mês - antes, portanto, do início das manifestações mais fortes pelo país. Ainda assim, a presidente Dilma já sofria com queda na popularidade. A avaliação positiva de sua administração caíra de 63% para 55%. Agora, aqueles que consideram o governo Dilma "ótimo" ou "bom" são 31%.

Em relação à avaliação do modo de governar da presidente, que representa uma avaliação pessoal sobre Dilma, a queda foi ligeiramente maior. Ela recuou de 71% de avaliação positiva para 45%, no intervalo de um mês. Agora, pela primeira vez, o percentual de brasileiros que desaprovam seu modo de governar (49%) é maior do que aqueles que o aprovam.

O levantamento também mostra que metade (50%) dos entrevistados não confiam na presidente Dilma Rousseff. Na pesquisa anterior, esse percentual era de 28%. Outro dado é que apenas 10% consideram seu governo melhor do que o do ex-presidente Lula.

Editoria de Arte/Folhapress

MENSALÃO

Os números da pesquisa mostram que os níveis de aprovação do governo e da presidente, assim como o nível de confiança em Dilma, são os mais baixos desde o auge do escândalo do mensalão, no segundo semestre de 2005.

O percentual de avaliação positiva do governo Lula na ocasião era de 29%, conforme as pesquisas CNI/Ibope feitas em setembro e dezembro de 2005. Agora, a avaliação positiva da gestão Dilma é de 31%. Em relação à confiança no presidente, o percentual de Lula na época do mensalão variou entre 44% e 43%. Agora, Dilma tem a confiança de 45% dos brasileiros.

Apesar dos números semelhantes ao do período do mensalão, os percentuais em relação a Dilma continuam sendo superiores, com folga, aos números de Fernando Henrique Cardoso em seu segundo mandato.

GOVERNADORES

Diferentemente das outras pesquisas realizadas pela CNI, o levantamento divulgado nesta quinta-feira (25) também analisou o impacto das manifestações sobre a avaliação de governadores. Foram pesquisados 11 Estados (Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).

As administrações menos populares, são, na ordem, Sérgio Cabral (Rio de Janeiro, com apenas 12% de avaliação positiva), Marconi Perillo (Goiás, com 21%), Tarso Genro (Rio Grande do Sul, com 25%) e Geraldo Alckmin (São Paulo, 26%).

A avaliação pessoal desses governadores segue a mesma lógica. Cabral, governador que vem sendo alvo de frequentes protestos no Rio, é o pior avaliado (29% de ótimo ou bom), seguido por Perillo (34%) e Alckmin (40%).

Na outra ponta, o mais bem avaliado, percentualmente disparado, é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência da República. Campos tem 76% de avaliação positiva, de acordo com a pesquisa. Seu governo também é o que possui melhor avaliação: 58% consideram sua administração "ótima" ou "boa".

No entanto, como não há pesquisa prévia em relação aos governadores, não é possível estabelecer uma comparação que permita mensurar a queda (ou crescimento) na popularidade deles.

A pesquisa CNI/Ibope entrevistou 7.686 pessoas com mais de 16 anos de idade, em 434 municípios. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Em relação à pesquisa sobre o Dilma, os entrevistados foram 2.002, para que fosse mantido o mesmo padrão estatístico das pesquisas anteriores.

DATAFOLHA

Pesquisa Datafolha realizada no fim de junho foi a primeira a captar a acentuada queda na popularidade da presidente após o início das manifestações em todo o país.

A queda apontada pelo levantamento foi de 27 pontos percentuais na avaliação positiva do governo Dilma. Na primeira semana de junho, a aprovação do governo era de 57%. Após as manifestações, conforme o Datafolha, esse índice despencou para 30%.

Além da queda na avaliação do governo federal pela população, a pesquisa também mostrou forte queda na aprovação de governadores, especialmente em relação aos de Estados onde as manifestações foram mais intensas, como São Paulo e Rio de Janeiro.

No caso do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), a queda foi de 30 pontos percentuais entre novembro de 2011, data da última pesquisa Datafolha em relação a ele, e o fim de junho --passando de 55% para 25% de avaliação positiva.

Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, também viu sua popularidade cair significativamente, numa queda de 14 pontos percentuais desde o início das manifestações. Já o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que assumiu o cargo em janeiro deste ano, sofreu queda de 16 pontos percentuais, passando a apenas 18% de avaliação positiva.


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