Folha de S. Paulo


Chamado de pai em Manguinhos, papa visita casa e brinca citando cafezinho e cachaça

O papa Francisco aproveitou a visita ao complexo de Manguinhos, no Rio de Janeiro, para fazer um dos seus discursos mais enfáticos e um dos mais informais até agora, num esforço para se aproximar dos moradores presentes na cerimônia.

O pontífice chegou ao local ao final da manhã no papamóvel aberto, sem blindagem, conforme a sua opção, e parou diversas vezes para crianças e saudar fiéis. Emocionada, a manicure Cintia da Silva Souza, 26, conta como sua tia esticou o braço para que o segurança alcançasse sua filha, Camyla, de oito meses.

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Moradores cobram R$ 1.000 por vista do papa no complexo de favelas de Manguinhos

"Eu fiquei tão emocionada que não consegui bater a foto dele beijando minha filha. Por sorte, uma amiga fez um vídeo com o celular. É um momento que ficará marcado na minha vida", diz.

"Deus recompensou a minha fé. Meu coração está acelerado até agora", diz a vendedora Gisele Sena, 28, que teve o filho Daniel,2, beijado pelo pontífice.

O pontífice chegou a ensaiar um ingresso por diversas residências e, quando entrou, passou quase dez minutos dentro da casa.

Depois de receber de crianças um cachecol do San Lorenzo, time argentino para qual torce, o papa foi ao campo de futebol para fazer um discurso. Antes, porém, um líder religioso abriu o evento chamando o pontífice de "pai Francisco".

Gabriel Bouys/AFP
O papa Francisco cumprimenta fiéis reunidos em campo de futebol na comunidade da Varginha, no Rio
O papa Francisco cumprimenta fiéis reunidos em campo de futebol na comunidade da Varginha, no Rio

Usando uma linguagem coloquial, o papa falou de coisas de rotina. Arrancou risadas ao improvisar com uma citação à cachaça: "Queria bater em cada porta, dizer um 'bom dia', pedir um copo de água fresca, beber um 'cafézinho', não cachaça, falar como amigos de casa'.

Fez referência às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) dizendo que a "pacificação" não será permanente em uma "sociedade que abandona na periferia parte de si mesma" e pediu aos jovens ainda para que não desistam da luta contra corrupção.

Centenas de fiéis se espalharam pelo campo de futebol e por lajes de casas próximas ao local. Alguns moradores chegaram a cobrar até R$ 1.000 pela vista privilegiada do pontífice.

A escolha de Varginha, uma comunidade situada em um bolsão de pobreza, dentro de um território castigado por confrontos armados, atende a uma orientação do próprio papa Francisco, que determinou a inclusão de encontros com a parcela excluída da população em sua passagem pelo Rio.

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