Folha de S. Paulo


Após recepção do papa, manifestantes entram em confronto com a polícia no Rio

Um grupo de manifestantes entrou no final da tarde desta segunda-feira (22) em confronto com a polícia no entorno do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, na zona sul do Rio. De acordo com a PM, nove pessoas foram detidas, incluindo um menor, e encaminhadas para a 9ª DP, no Catete. Desses, apenas um deve ficar preso por porte de explosivo.

O conflito aconteceu por volta das 19h45 logo após o papa Francisco deixar o local, onde realizou seu primeiro discurso. Dentro do Palácio ainda estava a presidente Dilma Rousseff e diversas autoridades, além do governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

Por volta das 20h30, a polícia já havia dispersado os manifestantes. Cerca de cem policiais permanecem no local para realizar a segurança de quem ainda permanece na sede do governo.

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De acordo com testemunhas, a confusão teria começado após o grupo lançar latinhas nos policiais. Para dispersar os cerca de 500 manifestantes, a polícia reagiu com bombas de efeito moral.

O estudante de pedagogia Bruno Telles, 25, foi preso após ser acusado de jogar coquetéis molotov nos policiais. Testemunhas disseram que policiais se infiltraram entre os manifestantes e teriam apontado Telles como uma das pessoas que teria começado a confusão. Ao todo, cinco pessoas foram presas ao longo do protesto: uma por desacato, três com coquetéis molotov e um por atirar pedras em policiais.

Um policial militar teve ferimentos graves --após ser atingido por um coquetel molotov-- e foi encaminhado para o hospital da região.

"BLACK BLOCS"

Por volta das 19h, cerca de 20 integrantes do grupo "black blocs" colocaram fogo em um boneco que representava o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB). Os "black blocs" adotam a tática de usar roupas pretas e cobrir o rosto para dificultar sua identificação. A polícia investiga os manifestantes e, também, pede que as pessoas não andem mascaradas.

Os manifestantes também jogaram coquetéis molotov próximos a um posto de gasolina. A polícia formou um cordão de isolamento e um Brucutu --caminhão que lança jatos de água-- começou a disparar jatos contra os manifestantes para dispersá-los.

Mais cedo, os manifestantes se concentraram no Largo do Machado, na zona sul do Rio, e gritavam palavras de ordem, como "Fora Cabral!".

DIREITOS DAS MULHERES

Um grupo de mulheres também protestou no Largo Machado durante a tarde em favor do direito das mulheres. Cerca de oito garotas usavam cartazes e três casais de mulheres se beijaram para pedir um "Estado mais laico". "Somos a favor do Estado laico. Nós somos livres e, portanto, fizemos essa intervenção", disse a atriz Thaísa Machado.

As mulheres diziam que estavam se confessando e começaram o jogral. "Confesso que fiz sexo com mulheres. Confesso que uso pílula. Confesso que tive orgasmos múltiplos" diziam. Nenhuma delas falou contra a religião. Durante o ato, um grupo de adolescentes estrangeiros cercaram as meninas, mas foram retirados pelos seus tutores.


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