Folha de S. Paulo


Em 'fogo amigo', Campos diz que PMDB tenta constranger governo

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta quinta-feira (18) que a proposta de redução do número de ministérios apresentada pelo PMDB é uma tentativa de "constranger" o governo federal num momento de "fragilidade".

Depois de passar cerca de três horas reunido com deputados e senadores pessebistas numa casa de recepções no Recife, o governador disse, ao ser questionado sobre a proposta do PMDB, que o partido do vice-presidente Michel Temer "expõe" o governo numa tentativa de atender às reivindicações oriundas dos protestos que acontecem em todo o Brasil desde junho.

"Tem gente que prefere expor mais ainda, fragilizar mais ainda quando tem uma oportunidade", afirmou. "Não precisamos deste tipo de observação para nos aproximar do que preocupa as ruas", disse o governador e presidente nacional do PSB.

E contrapôs a crítica ao que seria a postura do PSB. "Tem gente que faz essas sugestões em 'off', num fórum adequado, para, num momento delicado como este, não tentar se aproveitar de uma fragilidade para expor mais ainda o governo que você ajudou a construir e que é aliado", disse Campos, virtual candidato à Presidência no ano que vem.

Campos disse ainda ser cedo para avaliar se o partido saiu fortalecido da onda de protestos que derrubou a popularidade de Dilma Rousseff e o fez crescer ligeiramente nas intenções de voto.

Para ele, é natural a presidente "pagar a maior conta" por estar mais exposta, mas não deixou de ironizar a situação.

"Os que erram menos estão mais próximos de voltar a ter 'link' com o que está na rua", disse.

O governador afirmou ainda que para "não perder 2013" é preciso que os partidos não façam a "política da pegadinha" e do "constrangimento".

Deputados e senadores do PSB presentes à reunião disseram que o governador os orientou a seguir votando com o governo.

No mês que vem, o partido deve se reunir mais uma vez para elaborar uma lista de sugestões para a área de economia. A ideia é apresentar as propostas à presidente Dilma.

CAMPANHA

Segundo o governo de Pernambuco, 16 dos 26 deputados pessebistas e três dos quatro senadores compareceram à reunião numa casa de recepções em Boa Viagem, zona sul do Recife.

Eles dizem ter saído do encontro sem ouvir do governador se ele realmente será candidato à Presidência, mas, mesmo assim, já sairão atrás de alianças para sustentar a candidatura.

"Cutucaram, cutucaram, mas ele amarrou o bode", disse o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE). "Não adianta ele dizer que não é [candidato]. A gente sabe que ele é", afirmou.

"Depois dessa reunião, vamos sair mais fortalecidos para buscar apoios, coligações e partidos para ele. Ele não autorizou, mas também não disse que não", disse Patriota.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que os resultados das eleições de 2010 e 2012 já cacifaram o partido para que apresente candidatura própria.

Para sanar a inquietação dos correligionários que se preocuparam com o aparente estado de "banho-maria" da candidatura de Campos, o governador se prontificou a fazer reuniões mensais em Brasília para discutir novas filiações e as eleições do ano que vem.


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