Folha de S. Paulo


Policial tenta negociar com manifestantes e é hostilizado; veja vídeo

Um policial militar tentou negociar na noite de ontem com um grupo de manifestantes que bloqueava as ruas no Lebon, na zona sul do Rio, quando foi expulso aos gritos de "defenda o cidadão, defenda o brasileiro".

A tentativa de diálogo aconteceu após a polícia lançar bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta em um grupo que já se dispersava do local. Alguns deles foram dispersados pela polícia com jatos de água. Manifestantes revidaram e lançaram artefatos explosivos de fabricação caseira.

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Durante a conversa, os manifestantes gritavam que foram perseguidos pela polícia e que alguns se feriram. "Eu não estava fazendo nada. Eles [os policiais] só não me agrediram porque tinha gente aqui", disse uma manifestante. O policial pediu-lhe desculpas [em nome da corporação] e tentou explicar que precisava liberar a via para que as pessoas pudessem sair do trabalho e ir para casa.

Demais integrantes do grupo interrompiam a todo o instante a fala do Policial Militar, principalmente, quando o policial tentou dizer que havia feito um juramento. Aos gritos, os manifestantes diziam que ele deveria defender o cidadão brasileiro. "Defenda as pessoas, o cidadão... os brasileiros... defenda a gente do governo... defenda seu juramento".

O policial acabou desistindo de negociar com o grupo e foi embora sob vais e clamor: "Você aí fardado... está do lado errado". O protesto ocorreu perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e terminou com saques e depredações no Leblon e em Ipanema.

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Nesta quinta-feira (18), o comandante do Estado Maior do Rio, coronel Alberto Pinheiro Neto, disse que a polícia deve reavaliar o modo de agir durante os protestos.

"Vamos fazer uma reavaliação. O que foi acordado não está de acordo com a boa prática policial. Havia o entendimento da sociedade organizada que a dispersão [com gás lacrimogêneo] provocava essas depredações. Ontem ficou provado que é necessária a dispersão", disse.

O secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, afirmou que a PM está estudando a cada manifestação a melhor maneira de atuar. Segundo Beltrame, os casos de vandalismo são provocados por "turbas" que, "por vezes, colocam a polícia entre a prevaricação e o abuso de autoridade".

"A solução é intermediária. Estamos aprendendo nesse processo com coisas não conhecidas, coquetéis molotovs, pessoas mascaradas. É um cenário diferente", defendeu o secretário.


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