Folha de S. Paulo


Após protesto, Cabral convoca reunião de emergência no Rio

O governador do Estado do Rio Sérgio Cabral (PMDB) convocou uma reunião de emergência com a cúpula da Secretaria da Segurança Pública, chefes das polícias Civil e Militar e secretários de Estado. O reunião está agendada para as 8h.

Vão participar do encontro o secretário da Segurança Pública José Mariano Beltrame, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, o comandante da Polícia Militar, Coronel Erir da Costa Filho, além do secretários da Casa Civil, Regis Fichtner, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho.

Segundo o governo, a reunião "vai tratar dos atos de vandalismo praticados na zona sul do Rio na quarta-feira".

Às 9h30, Cabral vai se reunir com o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) e com membros do Judiciário e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Ontem à noite, um protesto realizado perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), terminou em confronto com a polícia, saques e depredações.

Cerca de 200 pessoas participaram da manifestação, nas esquinas da avenida Delfim Moreira com a rua Aristídes Espínola, no Leblon, quando parte do grupo se desentendeu com a polícia --alguns manifestantes usavam máscaras.

Bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta foram lançados contra o grupo. Manifestantes também lançaram artefatos explosivos de fabricação caseira. Alguns deles foram dispersados pela polícia com jatos de água.

Lojas e agências bancárias foram depredadas e tiveram vidros quebrados. Lojas foram saqueadas. Os manifestantes também colocaram fogo em lixo, fazendo pequenas barricadas.

Um dos prédios administrativos da TV Globo, que fica no Leblon, também teve os vidros quebrados e um rojão foi jogado na portaria, o que provocou muita fumaça.

Em nota, a TV Globo informou que as "vidraças da portaria de um dos prédios administrativos da emissora foram quebradas por pedras atiradas por um pequeno grupo de manifestantes mascarados".

Fechada por conta do protesto e do tumulto na dispersão dos manifestantes, a avenida Delfim Moreira, na orla do Leblon, foi totalmente liberada por volta da 0h.

IPANEMA

O protesto continuou nas ruas de Ipanema, onde ruas foram fechadas com barricadas de fogo. Um grupo de cerca de 100 manifestantes estão no local. Parte deles foi dispersa pela polícia com balas de borracha, disparadas de dentro de três veículos.

Um homem que portava uma bomba caseira foi preso.

O ato de protesto acontece a uma semana da visita do papa ao Rio. Uma das principais preocupações da equipe de segurança brasileira são as possíveis manifestações durante a estadia do pontífice no Rio.

FERIDOS

Segundo a PM, cinco policiais ficaram feridos nos protestos. Entre eles, está uma policial foi atingida por um coquetel molotov. Os demais foram alvos de pedradas --cerca de 500 pedras portuguesas, usadas no calçamento, foram localizadas com os manifestantes.

A PM diz que carros foram depredados e pichados por um grupo de cerca de 30 homens, todos vestidos de preto. Segundo a polícia, manifestantes miram feixes de laser nos helicópteros, o que pode provocar a queda das aeronaves.

PROTESTO

O protesto começou por volta das 17h30. No começo da noite, os manifestantes queimaram um boneco do governador e gritavam: "Do papa eu abro mão, eu quero meu dinheiro para saúde e educação".

Alguns manifestantes estavam com os rostos cobertos no protesto. Entre eles, um rapaz, que usava uma máscara inspirada no personagem do filme "V de vingança", disse que pretende protestar todos os dias durante a Jornada Mundial da Juventude. Alguns manifestantes estão com os rostos cobertos no protesto.

A Polícia Militar havia isolado com grades o acesso à rua onde fica o prédio do governador. Dentro da área cercada, foi formada uma fileira de ao menos 30 policiais, equipados com escudos, capacetes e cassetetes. Dentro da área isolada, a Folha verificou que havia pelo menos cinco policiais sem seus nomes identificados na farda.

Os manifestantes contrários ao governador pedem sua saída, com dizeres como "Fora Cabral". Uma faixa traz duas ilustrações, uma de Cabral e a outra do prefeito do Rio, Eduardo Paes, com grandes narizes de "Pinóquio" e a seguinte inscrição: "Fora Cabral, Fora Eduardo Paes. Impeachment já!". Na faixa, os manifestantes convocam as pessoas a irem às ruas.


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