Folha de S. Paulo


Previdência diz que Garibaldi tinha passagem comprada em avião comercial

O Ministério da Previdência Social divulgou nota oficial nesta sexta-feira (5) ressaltando que o ministro Garibaldi Alves Filho (PMDB) tinha passagem comprada, em avião comercial, para o Rio de Janeiro, onde passaria o final de semana.

"O ministro possuía passagem comprada, em avião comercial, para se deslocar na mesma data, para o Rio de Janeiro, onde passaria o final de semana", diz a nota.

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O comunicado foi publicado após a Folha revelar que o ministro também havia viajado ao Rio em avião da FAB para ver o jogo da seleção. No dia 28 de junho, Garibaldi foi a Fortaleza em agenda oficial. Em vez de retornar a Brasília, o ministro pediu que o avião, um Learjet 35, o levasse ao Rio, onde havia programado passar o fim de semana para ver o jogo da seleção brasileira contra a Espanha.

Sobre a alteração no itinerário de Garibaldi, o Ministério da Previdência disse que "em vez de retornar a Brasília, ou mesmo a Natal, como lhe facultava o art. 4º do Decreto n.º 4.244/2002, a aeronave da FAB o levou diretamente ao Rio de Janeiro. Esclarece-se ainda que o ministro retornou a Brasília na segunda-feira, 01 de julho, como anteriormente já programado, em avião comercial, às suas expensas".

Garibaldi Alves afirmou que se sentiu no direito de usar o avião para deixá-lo onde quisesse ficar. O ministro também deu carona a Glauber Gentil, 35, dos empresários mais conhecidos do Rio Grande do Norte e também sócio do seu filho Bruno. Os dois, segundo confirmou o próprio ministro, viajaram sozinhos num avião da FAB com capacidade para 10 pessoas.

OUTROS CASOS

Garibaldi é primo do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que usou outro avião da FAB para ver o jogo da seleção. A Folha revelou na quarta-feira (3) que Alves levou sete convidados de Natal para o Rio. Glauber Gentil, que foi para o Rio com Garibaldi, pegou carona com Alves para voltar a Natal.

No mesmo dia, o presidente da Câmara disse que errou ao permitir que sete parentes pegassem carona em um avião da Fab para assistir ao jogo da seleção e devolveu à União R$ 9.700, segundo ele, equivale em bilhetes comerciais à carona dada a parentes em avião oficial.

Cotação com empresas de fretamento mostra que esse custo seria de ao menos R$ 158 mil.

Ontem, a Folha revelou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também usou jato da FAB para ir ao casamento do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) em Trancoso, na Bahia. O avião foi de Maceió a Porto Seguro em 15 de junho e, na madrugada do dia seguinte, partiu para Brasília. A assessoria de imprensa do Senado não comentou.

Numa reação ao uso de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) pelos presidentes da Câmara e do Senado para compromissos particulares, congressistas defenderam ontem maior transparência na divulgação dos voos de autoridades pela Aeronáutica.

Na Câmara, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) apresentou projeto que obriga o Executivo a divulgar, inclusive no Portal da Transparência, não apenas os pedidos de viagens em aviões da FAB, mas a data, o motivo e a lista de passageiros.


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