Folha de S. Paulo


Presidente da Câmara pretende reembolsar a União em R$ 9.700 por uso de avião da FAB

A carona para parentes em um voo da Força Aérea Brasileira vai custar R$ 9.700 ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O peemedebista mandou no início da tarde desta quarta-feira (3) sua assessoria efetuar o reembolso à União por ter levado sete familiares para assistir ao jogo da seleção no Maracanã, no fim de semana.

Cada passagem vai custar R$ 1.385. A assessoria levou em conta valores de passagens no horário do voo entre o Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Procurada pela Folha, a FAB disse que o valor gasto com os voos do deputado não podem ser divulgados por questões de sigilo estratégico e militar. A reportagem fez cotação com duas empresas, TAM e Líder Aviação, que oferecem serviços de fretamento particular. Nas mesmas condições de datas, trechos e número de passageiros, o valor mais barato saiu por R$ 158 mil.

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A decisão de ressarcir os cofres públicos foi tomada por Eduardo Alves após a Folha revelar hoje que que pegaram carona com o deputado sete pessoas: um de seus filhos, sua noiva --Laurita Arruda--, dois filhos e um irmão dela, o publicitário Arturo Arruda e a mulher, Larissa. Um amigo de Arturo entrou no voo de volta.

"Meu erro, e aqui eu reconheço, foi ter permitido que pessoas me acompanhassem pegando carona nesse voo para o Rio de janeiro. Por esse erro, estou aqui reconhecendo e já mandei ressarci o valor de cada passagem correspondente", disse Henrique Alves ao chegar na Câmara.

Alves negou que estivesse em uma agenda de turismo no Rio. Segundo o deputado, ele foi recebido pelo prefeito Eduardo Paes, em sua residência oficial, na Gávea Pequena, para discutir o cenário político do país. A reunião, no entanto, não foi divulgada na agenda oficial dos dois políticos.

"Houve uma agenda previamente divulgada com o prefeito Eduardo Paes, que me recebeu para um almoço na Gávea Pequena, onde conversamos sábado pela manha", disse.

Alves não respondeu a pergunta da Folha se a medida não provoca mais desgastes à Casa diante das manifestações que sacudiram o país nas últimas semanas.

De acordo com a reportagem, um jato C-99 da FAB foi buscar a turma em Natal, terra do deputado. Decolou às 19h30 de sexta-feira rumo ao Rio de Janeiro e retornou no domingo, às 23h, após o jogo. Todos aproveitaram para passear no Rio no sábado e, no dia seguinte, foram à final da Copa das Confederações, vencida pelo Brasil.

O deputado e seus convidados usaram cadeiras destinadas a torcedores, e não às autoridades. Eles postaram fotos em redes sociais de dentro do estádio. No Twitter, Alves comemorou: "BRASIL, seleção nota 10! E a torcida tb, nota 10! O campeão voltou!!"

Sua noiva também: "O campeão voltou... Rouquidão de hoje compensada".

O decreto 4244/2002, que disciplina o uso de aviões da FAB por autoridades, diz que os jatos podem ser requisitados quando houver "motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente". O decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.


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