Folha de S. Paulo


Dilma discute crise e plebiscito no Alvorada

A presidente Dilma Rousseff passa o dia cercada por ministros mais próximos para discutir a crise decorrente das manifestações Brasil afora --que já duram três semanas-- e os termos da mensagem que enviará ao Congresso solicitando a realização de um plebiscito com itens da reforma política.

Proposta de plebiscito tem apoio de 68%
Plebiscito poderá custar R$ 500 milhões aos cofres públicos
Dilma chama equipe e cobra medidas além do plebiscito

Estão com Dilma Aloizio Mercadante (Educação, mas que tem atuado como coordenador político do governo), José Eduardo Cardozo (Justiça), Alexandre Padilha (Saúde), Helena Chagas (Comunicação Social), Paulo Bernardo (Comunicação) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento).

O governo quer sugerir ao Congresso, a quem cabe a responsabilidade legal de efetivamente convocar o plebiscito, uma consulta enxuta, resumida a poucos pontos --como sistema de voto e financiamento de campanha.

APOIO

Segundo o Datafolha, 68% dos brasileiros aprovam a ideia do plebiscito, que sofre forte resistência no Congresso. Tanto partidos aliados quanto de oposição acham inviável organizar a consulta e fazê-la antes de os parlamentares discutirem a reforma. Muitos sugerem o caminho inverso, com uma reforma a ser aprovada em referendo (a posteriori, portanto).

Quando a pesquisa do Datafolha pediu uma opinião específica sobre a reforma política, 73% afirmaram que são a favor da apreciação desse tema por parte do grupo de eleitos. Opiniões contrárias somam 15%.

O apoio ao plebiscito ocorre de forma mais ou menos uniforme entre homens e mulheres e em todas as faixas de renda, idade e escolaridade. No Nordeste, a aceitação é de 74%. No Sul, de 57%.

Editoria de Arte/Folhapress

POPULARIDADE EM QUEDA

Outra pesquisa Datafolha divulgada ontem (29) mostra que a popularidade da presidente Dilma Rousseff desmoronou. A avaliação positiva do governo da petista caiu 27 pontos após três semanas de manifestações de rua em todo o país.

Aliados do Palácio do Planalto atribuem a queda na popularidade da presidente à eventual volatilidade da opinião pública a um "momento de alerta", resultante das recentes manifestações populares.

O resultado da pesquisa foi acima do pior cenário esperado pelo Palácio do Planalto, que previa um recuo máximo de 20 pontos, de acordo com a avaliação reservada de assessores presidenciais. Para eles, a forte queda aumenta a pressão por uma reforma ministerial.

Para a oposição, o desgaste na imagem de Dilma demonstra falta de sintonia do governo com as necessidades reais da população que estão sendo expostas nos protestos que tomam conta das ruas do país, além de representar uma cobrança por mudanças em políticas administrativas e econômicas.

PROTESTOS

O Palácio do Planalto conta com uma perda de intensidade dos protestos nos próximos dias depois do término da Copa das Confederações e após a presidente ter se reunido com governantes, ativistas e movimentos sociais.

Depois do tombo em sua popularidade, a prioridade da presidente Dilma tem de ser "baixar a temperatura" das ruas para restaurar a sensação de ordem no país e evitar que a economia, que já sente impacto das manifestações, sofra maiores danos e jogue o crescimento para menos de 2% neste ano.

A avaliação reservada é de assessores presidenciais ouvidos ontem pela Folha. Para eles, a pesquisa Datafolha indica um "sentimento de falta de liderança e de pulso" associada a um momento ruim na economia.


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