Folha de S. Paulo


Entidades pretendem mudar sistema eleitoral do país

No embalo das manifestações no país, entidades lançaram ontem uma campanha para mudar o sistema eleitoral. A proposta prevê eleições parlamentares em dois turnos e nova fórmula de financiamento das campanhas.

Apelidada de "eleições limpas", a proposta é liderada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), idealizador da Ficha Limpa.

Editoria de Arte/Folhapress

"Sem a participação popular e pressão da opinião pública, o Congresso não aprova as reformas necessárias", disse o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado no lançamento da campanha.

Para se tornar um projeto de lei como aconteceu com o Ficha Limpa, será necessário colher mais de 1,6 milhão de assinaturas. O site eleicoeslimpas.org.br foi criado para facilitar esse processo.

De acordo com a proposta, as eleições de parlamentares serão realizadas em dois turnos. Primeiro, serão escolhidos os partidos. Depois, definido o número de vagas para cada legenda, o eleitor escolheria o candidato. O objetivo é evitar a "fulanização" da política e reduzir a quantidade de concorrentes, o que reduzirá os custos.

O projeto prevê um sistema misto de financiamento. As doações serão limitadas a R$ 700 e só poderão ser feitas por pessoas físicas. Todas as receitas e gastos de campanha serão feitos por meio eletrônico ou cheque nominal.

O fundo de campanha poderá receber aportes da União e caberá à Justiça Eleitoral definir os custos da campanha. As doações seriam feitas pelo site da Justiça Eleitoral e divulgadas em tempo real.

Sergio Lima - 06.set.2012/Folhapress
Juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, ajudou a elaborar a proposta de 'eleições limpas
Juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, ajudou a elaborar a proposta de 'eleições limpas'

"O sistema eleitoral não serve mais para o Brasil. Vamos propor a extinção da doação por parte de empresas. Empresa não exerce a cidadania, tem por finalidade o lucro e infelizmente tem sido esse propósito nas eleições", disse o juiz Marlon Reis, do MCCE.

No ato, o presidente da OAB defendeu a desmilitarização da polícia e criticou a atuação dos agentes de segurança nas últimas manifestações. "Não se faz segurança pública tratando manifestante como delinquente, afugentando e demarcando até onde pode ir", disse Furtado.


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