Folha de S. Paulo


Carvalho diz que protestos no Brasil podem afetar Jornada da Juventude

A uma plateia de organizadores da Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá no Rio de Janeiro no próximo mês, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou nesta sexta-feira (21) que as protestos pelo país podem afetar o evento, mas disse que o governo está "atento" às demandas dos manifestantes.

"Nós temos que ter clareza de que ela [a jornada] pode ocorrer dentro de um clima, não vou dizer igual ao dos dias de hoje, porque a conjuntura evolui tão rapidamente que você não tem muito como profetizar, dizer se isso vai acontecer isso ou se vai acontecer aquilo, seria temerário, mas nós estamos que estar preparados para jornada acontecer inclusive num clima de que esteja ocorrendo manifestações no país", disse o ministro.

Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff está "preocupada" com isso e "em breve" vai se manifestar a respeito.

"Nós de um lado celebramos a democracia. A democracia custou muito para a gente conquistar. A gente acha que as manifestações populares, as mobilizações das massas nas ruas, são importantes porque elas significam engajamento da cidadania na busca dos seus direitos."

"As pessoas não se contentam com meio caminho. Portanto, nós mesmos criamos condições para que houvesse um novo padrão de exigência e nós temos que correr atrás, temos que procurar atender a essas demandas", completou o ministro.

Ele também lamentou os atos de vandalismo que ocorreram na noite desta quinta-feira em Brasília. Nesse momento, a veiculação de sua fala, que era aberta somente a cinegrafistas, foi interrompida a pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

"Ver a Esplanada amanhecer do jeito que ela amanheceu, com serviços públicos afetados, como os pontos de ônibus, como símbolos públicos importantes, para o Itamaraty, a catedral de Brasília...", disse o ministro, antes de ter a fala interrompida.

REUNIÃO DE EMERGÊNCIA

Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff realiza no Palácio do Planalto uma reunião de emergência com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o país, que levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas ontem.

Segundo assessores presidenciais, a presidente ficou impressionada com os acontecimentos no Rio e em Brasília e vai ouvir relatos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, sobre os atos. Ainda pela manhã, Dilma conversará com o vice-presidente, Michel Temer, sobre os protestos.

Gilberto Carvalho, cuja principal atribuição é absorver diretamente dos movimentos sociais suas demandas e levá-las ao governo, não participou da reunião.


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