Folha de S. Paulo


Discurso de Dilma sobre protestos pelo país foi "contundente", dizem ministros

O discurso em que Dilma Rousseff disse ser preciso ouvir as vozes que foram para as ruas protestar por diferentes causas foi classificado de "contundente" por ministros que participavam da cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira (18).

Os auxiliares da presidente interpretaram o recado como uma ordem para não apenas melhorar o serviço prestado como também para destacar os avanços sociais da esfera federal e, assim, tentar livrar o governo dos ataques diretos dos manifestantes. No governo, contudo, ninguém afirma que o momento é de autocrítica.

No Palácio, a nova agenda de reivindicações de grupos que se organizam pela internet, não estão filiados a partidos políticos e protestam por diferentes causas é atribuída às mudanças sociais dos últimos dez anos --período em que o governo federal está sob o comando do PT. Para os ministros de Dilma, quando moradia e alimentação estão assegurados, as pessoas lutam por outros direitos, como melhoria dos serviços públicos.

"É preciso que todas as autoridades do país consigam fazer uma leitura dos movimentos, mas quando conseguimos superar a miséria extrema, uma nova agenda, novas reivindicações se colocam. Isso é muito importante porque fortalecem a democracia. Questões da subjetividade dos direitos também estão colocadas, como acesso à cultura e da livre orientação sexual", disse a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos).

Avalia-se ainda que as demonstrações mais agressivas dos manifestantes foram contra o Legislativo, com a destruição da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e a ocupação da laje do Congresso, em Brasília.

Para o ministro Luiz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), a onda de protestos não é dirigida ao governo federal nem representa uma crise dos poderes. "Não acho que represente crise. É uma manifestação da sociedade em favor de melhorias e de qualidade do serviço publico. É legitimo e necessário para que a classe política ouça como um todo", disse.

O discurso da presidente foi interpretado, também, como uma ordem para que se melhore a qualidade dos serviços prestados e escapar dos ataques diretos dos manifestantes.

"Nós, todo o governo, estamos orientados a conseguir interpretar essas reivindicações e perceber que o governo deve se empenhar cada vez mais pela qualidade de vida e enfrentamento de violência", disse Maria do Rosário.


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