Folha de S. Paulo


Aliados de Marina Silva vão buscar assinaturas até nos estádios

Na tentativa de conseguir as assinaturas necessárias para registrar a Rede Sustentabilidade, apoiadores de Marina Silva vão fazer mutirões nos jogos da Copa das Confederações, que começa hoje e termina no dia 30.

A nova estratégia foi divulgada em ato realizado em São Paulo, quando a ex-senadora anunciou ter alcançado a meta de 500 mil assinaturas coletadas desde fevereiro.

Campos diz que projeto sobre partidos ainda voltará a ser discutido no STF
Decisão de Gilmar Mendes é casuística, diz professor de direito

Para o registro oficial do partido no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são necessárias apenas 490 mil nomes. No entanto, calcula-se que até 30% dos apoios não possam ser aproveitados, por causa de erros no preenchimento dos formulários ou problemas na conferência das assinaturas pela Justiça.

Por isso, a Rede anunciou a mobilização para conseguir pelo menos outras 300 mil até o dia 7 de julho. Segundo esse cronograma, com as 800 mil assinaturas em mãos, aliados de Marina acreditam que poderão iniciar o processo de registro da sigla na Justiça Eleitoral a partir de 1º de agosto.

No ato deste sábado, Marina disse estar preocupada com a possibilidade de aliados do governo no Congresso atrasar a votação do projeto de lei que inibe a criação de novos partidos.

A ex-senadora precisa de uma definição sobre o tema no Legislativo o quanto antes --o governo tem maioria para derrotá-la-- para ter tempo de recorrer contra a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eles podem ter uma ação protelatória na votação da lei até a reta final do nosso prazo para que o Supremo não tenha tempo de finalizar o julgamento sobre o mérito do projeto", disse Marina.

Para concorrer nas eleições de 2014, a Rede precisa ser registrada até o início de outubro deste ano.

A ex-senadora voltou a criticar a política econômica do governo Dilma Rousseff (PT). Segundo ela, o uso do consumo como principal instrumento de estímulo à economia pode hoje comprometer a estabilidade do país. "Não podemos, em nome de uma agenda política, eleitoral, comprometer a estabilidade. O Brasil todo olha o quadro com preocupação."

Zanone Fraissat/Folhapress
Marina Silva em ato da Rede neste sábado em São Paulo
Marina Silva em ato da Rede neste sábado em São Paulo

COLETA DE ASSINATURAS

Com cerca de 20 milhões de votos, Marina Silva ficou em terceiro lugar na eleição presidencial de 2010, quando ainda pertencia ao PV. Hoje ela tenta viabilizar sua nova sigla, a Rede Sustentabilidade, a tempo de poder concorrer novamente em 2014.

A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente começou em fevereiro a coleta das cerca de 500 mil assinaturas exigidas pela Justiça Eleitoral. O primeiro nome recolhido foi do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que estava no lançamento da legenda em Brasília.

Naquele ato, Marina afirmou que o novo partido não seria de esquerda nem de direita, mas estaria "à frente" das outras legendas. A ex-senadora já declarou que quer criar um novo modelo de política para questionar o "monopólio" dos partidos.

A sigla também possui o apoio de outros políticos, como a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e os deputados federais Domingos Dutra (PT-MA), Walter Feldman (PSDB-SP) e Alfredo Sirkis (PV-RJ).

As assinaturas colhidas pelos aliados de Marina precisarão ser validadas por cartórios eleitorais antes de o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) conceder o registro ao partido.

Para efeito de comparação, quando criou o PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab levou um mês a menos para conseguir as cerca de 500 mil assinaturas endossando a criação do partido.

Os apoios foram colhidos de março --quando a sigla foi lançada em Salvador-- a junho de 2011. Quando o então prefeito começou a articulação, em fevereiro daquele ano, a nova legenda contava com cerca de 20 congressistas em Brasília e um governador --Raimundo Colombo (SC) que, como Kassab, também era filiado ao DEM.

Na época, reportagens da Folha mostraram diversas irregularidades no processo de coleta de assinaturas para a criação do PSD, como o uso da estrutura da Prefeitura de São Paulo para fins partidários.


Endereço da página:

Links no texto: