Folha de S. Paulo


Após ouvir 200 pessoas, PF não identifica origem de boatos do Bolsa Família

Após depoimentos de mais de 200 pessoas, o inquérito da Polícia Federal que investiga os boatos sobre o Bolsa Família não conseguiu comprovar ação orquestrada até agora. A apuração deve terminar no fim do mês.

Foram ouvidos técnicos e beneficiários do programa, que relataram várias versões.

Segundo investigadores consultados pela Folha, até ontem a PF encontrou só um ponto em comum para o início dos saques: a antecipação do pagamento pela Caixa Econômica Federal.

A principal hipótese é a de que os erros do banco estatal teriam precipitado os saques. Policiais acreditam, contudo, que é remota a hipótese de indiciamento de representantes da Caixa. Cem testemunhas ainda serão ouvidas.

Como a Folha mostrou há duas semanas, o pagamento antecipado de todo o Bolsa Família tornou-se a principal linha de investigação da PF.

Os beneficiários do programa estavam acostumados a uma rotina de pagamento. A mudança teria ajudado a espalhar os boatos, que provocaram corrida aos caixas eletrônicos em 18 e 19 de maio.

Em um primeiro momento, a Caixa informou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos.

Após a Folha revelar que dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar dinheiro de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no calendário de repasses na véspera do tumulto.

A conclusão preliminar da PF contradiz o discurso político inicial do governo. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que houve ação para espalhar os boatos.

Após o tumulto, o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa, que atende 13,8 milhões de famílias, informou que estabelecerá um serviço de envio de mensagens Aos beneficiários que têm celular.


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