Folha de S. Paulo


Líderes políticos participam de manifestações de ruralistas

Líderes políticos participam na manhã desta sexta-feira (14) das manifestações promovidas por ruralistas em ao menos sete Estados.

Em Mato Grosso do Sul, principal foco dos conflitos entre produtores rurais e indígenas, cerca de 4.000 pessoas estão às margens da BR-163, em Nova Alvorada do Sul, num ato que reúne a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) e é organizado pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado).

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O grupo não chegou a bloquear a estrada. Estão sendo distribuídos panfletos e um envelope com sementes aos motoristas, para "representar a vida", segundo os manifestantes.

Outras 3.000 pessoas também protestam em Guaíra (PR), na fronteira com o Paraguai. Adesivos com os dizeres "Verdade, alimento e união: base de uma nação" e "Confisco, não. Fora Funai" estão sendo distribuídos aos motoristas que seguem em direção à ponte Ayrton Senna, que liga o Paraná ao Mato Grosso do Sul.

Pelo menos três deputados participam do ato: os federais Dilceu Sperafico (PP-PR) e Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o deputado estadual Elio Rusch (DEM-PR).

Divulgação
Eduardo Riedel, presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado) e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO)
Eduardo Riedel, presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado) e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO)

OUTRAS MANIFESTAÇÕES

A BR-101, principal ligação do Rio Grande do Sul com o resto do país, foi fechada pela manhã por agricultores na cidade de Maquiné (a 132 km de Porto Alegre). O local da manifestação fica próximo a uma área já demarcada como território quilombola e onde deve haver a retirada de fazendeiros.

A situação é tensa na cidade de Mato Castelhano (norte gaúcho). Produtores rurais bloqueiam a BR-285 no município em um ponto que fica a 1 km de um acampamento indígena. Os índios da região fecharam a mesma estrada por dois dias na semana passada.

Hoje, os agricultores levaram tratores e máquinas agrícolas para o local e promovem uma panfletagem.

Em Santa Catarina, uma manifestação em uma rodovia estadual ocorre na cidade de Abelardo Luz (oeste do Estado), que concentra comunidades indígenas.

Também há bloqueio de uma rodovia federal, segundo os organizadores, em Roraima, Estado onde fica a terra indígena Raposa/Serra do Sol, símbolo dos conflitos entre índios e agricultores no país.

Em Mato Grosso, os agricultores promovem uma manifestação nas margens da BR-364 em Cuiabá. Com placas e um carro de som, os manifestantes distribuem panfletos. O trânsito não foi fechado.

Na Bahia, a manifestação ocorre na BR-101, em Itamaraju, no sul do Estado. Cerca de 600 pessoas, segundo os organizadores, estão na estrada distribuindo panfletos, o que provoca retenções no tráfego.

A região tem um dos principais impasses envolvendo demarcações de terras indígenas no país, com invasões promovidas por índios tupinambás e pataxós e represálias de fazendeiros.

REIVINDICAÇÃO

Uma das reivindicações é o pagamento de indenização a proprietários afetados pela criação de terras indígenas.

O líder da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), nega que a mobilização possa contribuir para elevar a tensão entre índios e fazendeiros --diz que quer apenas chamar a atenção para a causa. "Estamos recomendando todo o cuidado."

A bancada ruralista, que diz contar com o apoio de metade do Congresso, vem elevando o tom contra a política indigenista no país e liderou iniciativas como o pedido de uma CPI da Funai (Fundação Nacional do Índio) e a proposta que transfere do governo para o Congresso a homologação de novas terras indígenas no país.

DEMARCAÇÃO

Principal motivo de desavença entre índios e produtores rurais, ainda há ao menos 196 terras indígenas a serem demarcadas pelo governo federal no país.

Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), 81 terras --que juntas equivalem a área de dois Estados de Sergipe precisam apenas ser homologadas pela presidente Dilma Rousseff.

A homologação, uma das últimas etapas para reconhecer que uma área pertence aos índios, é atribuição exclusiva do presidente e ocorre depois que a Funai e o Ministério da Justiça demarcam e delimitam a terra.


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