Folha de S. Paulo


Pagamento antecipado vira foco de inquérito da PF sobre Bolsa Família

A antecipação do pagamento do Bolsa Família pela Caixa Econômica Federal é hoje a principal linha de investigação sobre as origens do boato de encerramento do programa, disseminado há duas semanas.

Segundo a Folha apurou, os investigadores da Polícia Federal passaram a apontar erros internos cometidos pelo banco estatal como o mais importante foco do caso depois que os primeiros sacadores do benefício foram ouvidos em depoimentos nos 13 Estados onde ocorreram as corridas às agências.

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Os primeiros saques foram feitos nos dias 18 e 19 de maio.

Nesses depoimentos à PF, os agentes descobriram que após a liberação antecipada do pagamento, expressiva quantidade de beneficiários do programa passou a ir aos bancos retirar o dinheiro.

Por não comportar o volume de sacadores, as agências ficaram sem dinheiro. o que, segundo os investigadores, pode ter sido o gatilho para o início do boato replicado depois por rádios comunitárias e na internet de forma viral.

O inquérito da PF corre em meio ao acirramento das declarações de conteúdo político estimulado tanto por setores do governo como da oposição. Nos bastidores, agentes da corporação reclamam que a politização do caso dificulta a coleta de provas.

CRONOLOGIA

Em um primeiro momento, a Caixa informou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos, e com o objetivo de aplacar o pânico dos beneficiários.

Após a Folha revelar que dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar seu pagamento de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no calendário de repasses na véspera da eclosão das falsas notícias.

A polícia ouve pessoas atendidas pelo programa social em todos os Estados nos quais se registrou corrida aos bancos. Os agentes esperam concluir os depoimentos nesta semana para responder se a difusão do boato ocorreu de maneira articulada ou não.

Outras linhas de apuração ainda não estão descartadas, como a que envolve suposta empresa de telemarketing com sede no Rio de Janeiro. A tese, contudo, está cada vez mais frágil na corporação.


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