Folha de S. Paulo


Índios quebram acordo e invadem outra fazenda em MS

Índios terenas entraram na tarde deste domingo (2) na fazenda Cambará, em Sidrolândia (72 km de Campo Grande), em protesto contra a morte de um índio ocorrida durante a reintegração de posse da fazenda vizinha Buriti, na quinta-feira (30).

O índio foi morto a tiros em confronto com a Polícia Federal.

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O protesto é realizado um dia após líderes indígenas terem se comprometido com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a não fazer novas invasões em Mato Grosso do Sul por 15 dias. Em troca, o CNJ intermediaria uma possível reunião dos índios com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Agora, são três as fazendas ocupadas --os índios já estavam, desde sexta-feira (31), nas fazendas Buriti, em Sidrolândia, e Esperança, em Aquidauana (a 139 km de Campo Grande).

Uma fonte ligada aos índios informou à Folha, sob condição de anonimato, que novos protestos estão sendo planejados no Estado.

"Isto aqui vai virar uma guerra. Se o governo federal não tomar providência, aqui vai fechar o Estado", disse o dono da fazenda Cambará, Vanth Vanni Filho.

Segundo ele, os índios chegaram por volta das 14h e mandaram o capataz sair. É a terceira vez que índios entram na fazenda --a anterior foi no mês passado, durante a primeira invasão da fazenda Buriti.

"Temos interdito proibitório [decisão da Justiça] que converte em reintegração [de posse] imediata", afirmou Vanni Filho. "A Justiça já decidiu que essa terra é nossa."

A Folha não conseguiu contato com representantes locais da Funai (Fundação Nacional do Índio) neste domingo nem com os líderes indígenas da região.

ENTENDA O CONFLITO

Na quinta-feira (30), índios que estavam na fazenda Buriti --área que pertence aos índios, segundo a Funai-- foram retirados por policiais, após decisão da Justiça estadual.

A Funai afirma que a ação de reintegração surpreendeu os índios, e que por isso houve conflito. O terena Oziel Gabriel, 35, foi morto com um tiro. Uma necropsia feita ontem no corpo deverá apontar de onde partiu o disparo.

Em protesto contra a morte de Oziel, os terenas voltaram a entrar na fazenda Buriti um dia após terem sido retirados, e invadiram também a fazenda Esperança, em Aquidauana.


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