Folha de S. Paulo


Dilma não precisa se desculpar por problemas no Bolsa Família, diz ministro

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) rebateu nesta quarta-feira (29) o presidente do PSDB e provável candidato à Presidência, senador Aécio Neves, e disse que a presidente Dilma Rousseff não tem que pedir desculpas pelas afirmações desencontradas do governo sobre o pagamento adiantado do Bolsa Família.

"Eu não vejo razão nenhuma para desculpa. A presidente não fez nenhuma ilação, a presidente teve todo o cuidado de determinar a investigação do assunto, acho que ela agiu de maneira muito adequada. Não há, da parte do governo, nenhuma atitude, da parte da presidenta, que possa levá-la a pedir qualquer tipo de desculpa."

Alan Marques - 15.ago.12/Folhapress
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência)
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência)

No dia 18 de maio, um boato sobre o fim do Bolsa Família levou milhares de pessoas às agências da Caixa Econômica Federal, que paga o benefício, em 13 Estados para a retirada do dinheiro.

Na segunda-feira imediatamente posterior a corrida aos caixas eletrônicos, dia 20, o banco informou que antecipou os pagamentos do programa após constatar confusão, para aplacar o pânico.

Mesmo sem informações precisas sobre a origem dos boatos, governo e petistas passaram a supor que eles foram fruto de uma ação deliberada e orquestrada. A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Rui Falcão (presidente do PT) ligaram as ocorrências à oposição, e Dilma afirmou que "é absurdamente desumano o autor desse boato. E é criminoso também", sem apontar culpados.

No final de semana passado, no entanto, a Folha descobriu uma dona de casa que recebera o pagamento adiantado no dia 17, sexta-feira.

Após essa descoberta, a Caixa acabou mudando de versão: os benefícios foram liberados antes da confusão. Isso levantou a hipótese que foi esse adiantamento, e não uma ação deliberada, o causador original dos boatos.

O presidente do banco federal Jorge Hereda, admitiu que o banco repassou informação equivocada, pediu desculpas e acabou assumindo também que sabia da informação correta quatro dias antes do banco mudar de versão.

Diante disso, ontem (28) Aécio afirmou: "O presidente da Caixa Econômica omitiu a verdade durante toda essa semana. Esperamos até uma convocação de rede pública de televisão, já que a presidente é tão afeita a essas convocações, que peça desculpas aos brasileiros tanto pelas acusações injustas e por aqueles que sofreram, segundo a presidente, um ato desumano", disse o presidente do PSDB.

A Polícia Federal investiga o caso.


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