Folha de S. Paulo


Boato sobre fim do Bolsa Família é 'criminoso', diz Dilma em Pernambuco

Dois dias depois do início de tumultos pelo país provocados por boatos sobre o fim do Bolsa Família, a presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira (20) que o responsável por disseminar a falsa informação é "criminoso".

"É absurdamente desumano o autor desse boato. E é criminoso também", disse a presidente durante a cerimônia de lançamento ao mar do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, em Ipojuca, na região metropolitana do Recife.

PF vai investigar origem de boatos sobre fim do Bolsa Família
Ministra diz que boato sobre Bolsa Família deve ter partido da oposição
Boato sobre o fim do Bolsa Família é destaque no microblog

Dilma afirmou o compromisso de seu governo com a manutenção do Bolsa Família e disse que a Polícia Federal está investigando quem levou "intranquilidade aos brasileiros que estão saindo da extrema pobreza".

"Eu queria deixar claro o compromisso do meu governo com o Bolsa Família: é um compromisso forte, profundo e definitivo. Não abriremos mão do Bolsa Família [...] Não acreditem nos boatos, porque os boatos desse país às vezes ocorrem de forma surpreendente. Brasileiros ainda têm e terão durante algum tempo que receber o benefício do Bolsa Família. O que aconteceu no Brasil sábado [18] foi falso, negativo e levou intranquilidade às famílias que recebem o Bolsa Família."

Uma onda de boatos sobre o fim do programa Bolsa Família levou milhares de pessoas no sábado e domingo a lotéricas e agências da Caixa Econômica Federal, para sacarem seus benefícios, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.

A extensão do boato, que atingiu ao menos dez Estados, provocou longas filas de espera e muito tumulto. Pessoas passaram mal e desmaiaram. Houve brigas e terminais foram depredados.

Veja vídeo

Assista ao vídeo em dispositivos móveis

O governo desmentiu a notícia e determinou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal. Todas as possibilidades estão sendo consideradas, inclusive a de motivação política. "Ao que parece, não foi mero acaso, e nenhuma hipótese pode ser descartada", disse o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

O Bolsa Família, que contempla 13,8 milhões de famílias e completa dez anos em outubro, é o principal programa de transferência direta de renda do governo. Ele tem forte peso político-eleitoral, tendo se tornado um dos símbolos das gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Diana Brito/Folhapress
Tumulto em frente a agência da Caixa Econômica em Queimados, na Baixada Fluminense
Tumulto em frente a agência da Caixa Econômica em Queimados, na Baixada Fluminense

INVESTIGAÇÕES

A Polícia Federal começará pelas regiões Norte e Nordeste as investigações.

Segundo a Folha apurou com um dos investigadores, já está descartada a hipótese de que os boatos tenham partido da internet.

A PF vai ouvir as pessoas que realizaram os primeiros saques em agências da Caixa Econômica Federal e casas lotéricas na tarde de sábado.

Por meio de relatórios, o Palácio do Planalto foi informado de que a onda de boatos começou no sábado por volta das 15h20, no "boca a boca", e só tomou conta da web de forma maciça no fim da noite, como reação ao boato que corria nas ruas.

Segundo a Caixa, instituição que opera o Bolsa Família, houve corrida às agências em 13 Estados brasileiros. Em nota, informou que o programa registrou 900 mil saques no valor de R$ 152 milhões durante o fim de semana.

Autoridades flagraram ao menos cinco versões para os boatos: greve de servidores da Caixa; bônus de Dia das Mães; repasse extra de R$ 300; fim do Bolsa Família e a suspensão temporária do benefício em razão da visita do papa Francisco --este circulou sobretudo pela região da Baixada Fluminense.

A Caixa nega que os incidentes tenham sido causados por algum problema técnico em seu sistema, como a liberação indevida ou atraso nos pagamentos. A oposição no Congresso diz que cobrará explicações do governo sobre essa hipótese.


Endereço da página:

Links no texto: