A avaliação do Palácio do Planalto é que a votação da MP dos Portos na Câmara mostrou que ficou abalada a convicção de que o PMDB é imprescindível para o governo obter vitórias na Casa.
A análise foi feita a partir de mapeamento sobre as principais votações nominais. Em todas, mesmo com o PMDB contra, o Planalto venceu --o que enfraqueceu o partido na Câmara.
Segundo um assessor, para o governo, o PMDB atuou quase como oposição. Ele listou seis ocasiões nas quais a sigla votou praticamente fechada contra o Planalto.
Entre elas, a da emenda patrocinada pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), vencida por 210 a 172. Dos 69 peemedebistas no plenário, 63 votaram contra o governo.
Em uma emenda do oposicionista DEM, o placar foi favorável ao governo por 233 a 178. De 68 peemedebistas, 64 foram contra o Planalto.
No Senado, o PMDB ganhou pontos, sobretudo o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), fortalecido com a vitória tranquila.
O governo acredita que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um jogo de morde e assopra. Deixou as sessões se prolongarem demais, mas foi fundamental para garantir o quórum na reta final.
A cúpula do PMDB tem outra avaliação. Reservadamente, diz que a bancada da Câmara apoiou o Planalto em vários pontos, mas sem deixar de mostrar insatisfação com a forma como é tratada.
Peemedebistas dizem que a presidente Dilma Rousseff deve entender que Henrique Alves é presidente de um Poder, e não líder do governo.
Para o senador Romero Jucá (PMDB-RR), as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) têm de ampliar o diálogo com o PMDB para reunificar a base de Dilma. (VALDO CRUZ E GABRIELA GUERREIRO)