Folha de S. Paulo


Defensores da tese do duplo homicídio do caso PC celebram decisão

Após um júri popular concluir que PC Farias e sua namorada foram mortos em 1996, defensores da tese do duplo homicídio comemoraram ontem o resultado e minimizaram a absolvição dos PMs acusados pelos crimes.

Enquanto a Promotoria afirmou estar "inclinada" a não recorrer, para não correr risco de "retroceder" no resultado, a família de Suzana Marcolino se disse aliviada com a derrubada da tese de que ela assassinou o tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello e depois se matou.

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O promotor Marcos Mousinho reconheceu que a condenação dos PMs, que atuavam à época como seguranças de PC, era improvável porque o Ministério Público não conseguiu provar o que cada um teria feito --eles eram acusados por omissão.

"O ponto mais importante foi a comprovação de que PC e Suzana foram assassinados. Por isso estou inclinado a não recorrer, até porque o recurso é um risco e tenho receio do resultado retroceder."

Após cinco dias de sessões, o 2º Tribunal do Júri de Alagoas concluiu, na noite de anteontem, que PC e Suzana foram mortos, mas não apontou o autor dos homicídios, questão que ficou em aberto.

Os jurados também absolveram todos os PMs --dois por não terem responsabilidade de fazer a segurança do casal e dois que estavam de plantão no dia das mortes por "clemência" (perdão).

Irmã de Suzana, Anna Luiza Marcolino disse que a família está "aliviada" pela derrubada da tese de crime passional --Suzana teria matado PC e se suicidado porque ele ameaçava terminar a relação.

"Nunca acreditamos na tese de que Suzana se suicidou. Se a Justiça e a polícia quiserem continuar [apurando], que façam, mas estamos agora tranquilos porque o Brasil inteiro sabe que não foi daquele jeito", afirmou.

Defensores do homicídio-suicídio, como o legista Badan Palhares e o irmão de PC Augusto Farias, que chegou a ser indiciado sob suspeita de autoria intelectual no caso, não foram localizados ontem para comentar a decisão.


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