Folha de S. Paulo


Garotinho mantém acusações e diz que só detalhará 'MP dos porcos' em conselho

Protagonista do embate que provocou o adiamento da votação na Câmara da medida provisória que regulamenta o setor portuário do país, o líder do PR, Anthony Gatorinho (RJ), disse à Folha nesta quinta-feira (9) que mantém a avaliação de que o texto foi desfigurado, tratando-o como a "MP dos porcos".

Ele desafiou colegas afirmando que só vai revelar detalhes que colocaram a MP sob suspeição se for levado ao Conselho de Ética da Casa.

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Pedro Ladeira/Folhapress
Deputado Antonhy Garotinho (PR-RJ) em sessão na Câmara sobre MP dos Portos
Deputado Antonhy Garotinho (PR-RJ) no plenário da Câmara em sessão sobre MP (medida provisória) dos Portos

"Absolutamente, não retiro uma palavra do que disse ontem. Infelizmente, a medida provisória foi desconfigurada, havia muitos interesses em jogo", afirmou. "O que eu disse está nas notas taquigráficas. Qualquer coisa, além disso, se for instalada a comissão de ética, eu direi lá", desafiou.

O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), disse que pretende pedir ao Conselho de Ética da Casa que avalie se houve quebra de decoro parlamentar do colega com as declarações.

Segundo Garotinho, ele tomou a iniciativa de denunciar que a medida estava sendo negociada de forma "nada republicana" depois de identificar a ação de lobistas no plenário. "Lobistas de grupos que administram os portos estavam espalhados no plenário da Câmara. Eu fiz um favor ao meu partido e ao meu país. O Brasil quer modernizar o setor de portos, mas não aquilo que está sendo proposto por Cunha, que não tem nenhuma condição."

A declração de Garotinho foi criticada até dentro do bancada do PR. Ontem, parlamentares começaram a recolher assinaturas para pedir sua saída da liderança. Pelo menos 12 parlamentares do PR já teriam assinado o documento --a bancada é formada por 35 deputados.

Com o desgaste interno, Garotinho procurou o presidente do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), para dar esclarecimentos sobre a tumultuada sessão.

Ele disse que não pensa em deixar o comando da bancada. "Insatisfações podem e existem em todas as bancadas. Isso é normal. O que não é normal é concordar com aquilo que o Cunha propôs."

O líder do PR disse que ainda é cedo para avaliar se haverá votação do texto da medida provisória na próxima semana. Ele disse que apoia a proposta, mas que não aceita as modificações defendidas por Cunha.

MUDANÇAS

Nas negociações antes da sessão de ontem, o PMDB não conseguiu acordo com o governo para emplacar mudanças no texto e apresentou uma sugestão ao lado do PSB, PDT e DEM.

O PT começou a trabalhar contra as modificações patrocinadas pelo PMDB e passou a responsabilizar Cunha pela falta de entendimento.

A medida mais polêmica que o Planalto não aceita é fazer licitação para portos privados.

Outra polêmica é a antecipação da renovação de contratos assinados após 1993. Os empresários que têm contratos de arrendamento de terminais em portos públicos afirmam que têm direito a uma renovação desses contratos e que precisam que eles sejam adequados à nova lei para que eles possam concorrer com os terminais privados.

O líder do PT, José Guimarães (CE), disse que o texto do PMDB quebrava a espinha dorsal da MP enviada pelo governo e que passou pelas mãos do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM).


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