Folha de S. Paulo


Delegados negam acordo com irmão de PC Farias e mencionam suborno

Os delegados acusados pelo irmão de Paulo César Farias de tentar "negociar" o indiciamento dos ex-seguranças do empresário negaram nesta quarta-feira (8) qualquer acordo e afirmaram que um jornalista tentou suborná-los em nome da família.

O ex-deputado federal Augusto Farias, irmão de PC Farias, disse ontem no julgamento que os delegados Alcides Andrade de Alencar e Antônio Carlos Azevedo Lessa propuseram a ele um acordo para indiciar apenas os ex-seguranças do empresário.

Irmã de Suzana Marcolino nega tendência ao suicídio e gravidez

Alencar e Lessa foram os últimos dos quatro delegados que conduziram o inquérito que apurou a morte de PC Farias, 50, e de Suzana Marcolino, 28, em 23 de junho de 1996.

Coube a eles indiciar, em 1999, Augusto Farias e os quatro seguranças de PC, que estão sendo julgados desde segunda-feira (6), em Maceió. As conclusões deles rebateram o resultado da primeira investigação da Polícia Civil alagoana, de 1996, que apontou a tese de crime passional --a de que Suzana matou PC e se suicidou.

O inquérito contra Augusto foi arquivado no STF (Supremo Tribunal Federal) por falta de provas, segundo conclusão do procurador-geral da República à época, Geraldo Brindeiro.

Lessa havia dito à Folha, na segunda-feira, quando Augusto fez a denúncia à imprensa pela primeira vez sobre o suposto acordo, que havia um "pacto" entre os dois delegados para não falar mais sobre o assunto, a não ser diante da Justiça.

"Em nenhum momento ocorreu esse fato", afirmou Alcides Alencar, primeiro a ser ouvido.

Ele disse só ter interrogado o ex-deputado federal uma vez. "É de se estranhar. Se há 14 anos houve esse fato, por que o advogado presente [no momento da conversa] não pediu para consignar [a denúncia] nos autos? Como é que só veio acontecer agora? Só posso admitir que é uma estratégia da defesa. Na ocasião, não foi suscitada essa hipótese", afirmou o delegado.

Antônio Lessa também negou a conversa. Disse que, por causa do foro privilegiado, Augusto foi ouvido num escritório.

Segundo o delegado, logo que chegaram ao local para o interrogatório, foram "hostilizados" pelo ex-deputado. "O primeiro cumprimento dele foi dizer 'estou interpelando os senhores na Justiça'. Na época, não tínhamos nenhuma linha de investigação formada", afirmou Lessa.

SUBORNO

Os dois delegados afirmaram que Antônio Lessa foi alvo de uma tentativa de suborno por parte do jornalista Roberto Bahia, de quem Lessa disse ser amigo. Em três encontros, ele teria oferecido R$ 100 mil em nome de Augusto Farias.

"[O jornalista] se achou no direito de ser o portador do grupo Farias, dizendo que o pessoal estava preocupado com o indiciamento de Augusto Farias", disse Lessa.

A defesa dos ex-seguranças rebateu e afirmou que a investigação contra o jornalista pela acusação de suborno foi arquivada.

À tarde, o juiz Maurício Breda deve ouvir os peritos que elaboraram os laudos utilizados no inquérito.

Editoria de Arte/Folhapress
REDE DE INTRIGAS Os personagens envolvidos no mistério sobre a morte de PC Farias

Endereço da página:

Links no texto: