Folha de S. Paulo


Irmã de Suzana Marcolino nega tendência ao suicídio e gravidez

A jornalista Anna Luiza Marcolino, 55, irmã de Suzana Marcolino, negou que ela tivesse tendência ao suicídio ou que estivesse grávida quando foi encontrada morta ao lado de seu namorado, o empresário Paulo César Farias, em 1996.

Anna Luiza é testemunha do terceiro dia do julgamento dos quatro seguranças acusados de envolvimento nas mortes de PC Farias e de Suzana.

Namorada de PC Farias contou que estava grávida, diz prima

"Minha irmã não estava grávida. Se estivesse, a minha mãe saberia, eu também saberia", disse ao depor na manhã desta quarta-feira (8).

Os parentes de Suzana não foram ouvidos na primeira investigação da polícia de Alagoas do caso, efetuada em 1996 que apontou a tese de crime passional - a de que Suzana matou PC e se suicidou. Eles só foram ouvidos apenas na segunda investigação policial, de 1999, que apontou para duplo homicídio.

A própria Justiça considerou posteriormente que depoimentos da família eram importantes para a construção do perfil psicológico de Suzana --se havia de fato propensão ao suicídio, como laudo da primeira investigação apontou. Os parentes sempre negaram que ela tivesse tendência ao suicídio.

A irmã de Suzana reafirmou sua crítica à tese de crime passional. Para ela, sua irmã foi assassinada junto com PC Farias. "Não acredito em suicídio. A minha família não tem histórico suicida", afirmou.

Convocada pelo juiz Maurício Breda, Anna se disse surpresa com a versão sobre a suposta gravidez trazida à público nesta quarta-feira (8) pela prima delas Zélia Maciel, que depôs mais cedo.

Segundo Zélia, dias antes de morrer, Suzana disse que estava grávida e que havia feito um teste de gravidez, mas não havia revelado o resultado. Zélia também disse que ajudou Suzana a comprar o revólver Rossi 38 que depois comprovadamente foi usado para matar o casal --não se chegou a uma conclusão definitiva, contudo, sobre quem efetuou os disparos, já que a denúncia do Ministério Público baseada na tese do duplo homicídio acusa os seguranças de omissão e não individualiza as condutas.

Anna Luiza também negou que Suzana tivesse comprado a arma e disse que a prima não merece crédito porque "sofre de problemas".

"Isso nunca existiu. Se ela tivesse arma, a gente que morava com ela saberia", afirmou a irmã.

A jornalista disse ainda que Suzana tinha um bom relacionamento com a família de PC, e que ela só reclamava do comportamento "ciumento" e "arrogante" do ex-deputado Augusto Farias, que chegou a ser indiciado em 1999 sob suspeita de ser mandante do crime. À época, o caso subiu ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria-Geral da República opinou pelo arquivamento do inquérito por falta de provas, o que foi feito.

Ela disse também que sua família foi embora de Alagoas logo depois do crime porque estava sendo muito assediada e temia represálias. "Fomos embora por medo", afirmou.

Anna Luiza pediu respeito à memória da irmã. "Minha irmã não era prostituta. Ela era solteira e Paulo Cesar viúvo. Portanto, tinha um relacionamento aberto, franco", disse.

Editoria de Arte/Folhapress
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