Folha de S. Paulo


Tarifa de ônibus opõe no PR prefeito a governador

Aliados e colegas de partido em 2010, os hoje adversários Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba, e Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, experimentam sua primeira "queda de braço".

O motivo é a tarifa de ônibus de Curitiba, que recebeu subsídio do governo estadual quando Luciano Ducci (PSB), aliado de Richa, estava na prefeitura, no ano passado.

O repasse de R$ 64 milhões garantiu que a passagem do ônibus metropolitano fosse a mesma de Curitiba, e evitou um reajuste maior em ano eleitoral.

O dinheiro acaba na próxima terça-feira, e Fruet, que assumiu em janeiro, já ameaçou romper a integração, que é deficitária, e disse que irá assumir o custo do sistema por um mês "até que o governo se defina a respeito".

"Não é possível o trabalhador sair de casa no dia 8 sem saber quanto pagará pela passagem", afirmou Fruet.

O prefeito diz não querer discutir o tema politicamente e atribui a responsabilidade ao Estado por questões "legais". Desde a campanha, porém, destaca que o subsídio foi criado em ano eleitoral. O Ministério Público analisa a motivação do repasse.

O governador afirma que a medida foi "emergencial" e já acusou Fruet de estar "choramingando". "Fui prefeito de Curitiba por cinco anos e meio, baixei a tarifa e não pedi subsídio a ninguém", disse o tucano, que afirma faltar dinheiro ao Estado.

A briga também tem contornos maiores: Richa, provável candidato à reeleição no ano que vem, tem em Curitiba seus mais baixos índices de aprovação, depois que seu aliado Ducci foi derrotado ao tentar se reeleger em 2012.

Já Fruet é o nome mais forte ligado à ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil) no Estado, outra provável postulante ao governo em 2014.

O tucano atribui ao governo federal a responsabilidade de reduzir os tributos sobre a passagem. "Assim como baixaram a conta de luz, podiam muito bem baixar a tarifa de ônibus", disse Richa, que, após a discussão, também isentou o ICMS sobre o diesel do transporte público em 21 cidades.

Para o prefeito, essa é uma briga "de cínico e fanático". "[Essa coisa de] 'Cobrou o governador, não cobrou a presidente...' Acho uma bobagem", disse Fruet, em entrevista ao "Jornal do Estado".

Para evitar ônus político, técnicos de ambos os governos, agora, costuram um acordo para tentar garantir até semana que vem a integração dos ônibus.


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