Folha de S. Paulo


Sobe para cinco o número de policiais presos após morte de jornalistas

Subiu para cinco o número de policiais civis presos sob suspeita de envolvimento em homicídios em Ipatinga e outras cidades do Vale do Aço mineiro. As mortes de dois jornalistas nos últimos dois meses estão entre os crimes sob apuração.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou ter cumprido nesta quinta-feira (25) mais dois mandados de prisão provisória contra policiais, que estão detidos na casa de custódia da corporação em Belo Horizonte.

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As informações sobre as apurações dos 16 crimes estão sob sigilo. A polícia diz que há mais policiais civis e militares sendo investigados e que a divulgação atrapalharia os trabalhos.

Dessa forma, não foi ainda esclarecido se os policiais presos tiveram envolvimento nas mortes do repórter Rodrigo Neto de Faria e do repórter fotográfico Walgney Carvalho, do jornal "Vale do Aço".

Faria vinha investigando 14 crimes ocorridos na região nos últimos anos, supostamente praticados por um grupo de extermínio.

O jornalista já estava ameaçado de morte, mas prosseguiu com as apurações. Ele morreu em março, quando dois homens em uma moto atiraram contra ele em um bar. No começo de abril, o fotógrafo Carvalho foi morto por um homem em uma moto.

O governador Antonio Anastasia (PSDB) foi a Ipatinga na quinta-feira inaugurar a expansão de um hospital e se encontrou no local, reservadamente, com familiares dos dois jornalistas assassinados.

Anastasia colocou os serviços de proteção do Estado à disposição dos familiares. A segurança também já havia sido oferecida a jornalistas que formaram em Ipatinga o Comitê Rodrigo Neto, para acompanhar as investigações e cobrar esclarecimento e punições.

O tucano também voltou a dizer que o grupo criminoso sob investigação age há 20 anos na região mineira.

Afirmou que tem "cobrado" uma atuação rápida da Polícia Civil e que medidas para erradicar o problema estão sendo tomadas. Toda a cúpula da Polícia Civil no Vale do Aço foi trocada.

"Determinei medidas para erradicar o problema, para que não tenhamos nenhuma possibilidade de novos casos desse tipo", disse Anastasia.

Uma força-tarefa está à frente das investigações, com cinco promotores nomeados pela Procuradoria-Geral de Justiça. Mais policiais e outras pessoas da região estão sendo investigadas e novas prisões devem acontecer.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República também acompanha o caso.


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