Folha de S. Paulo


CNJ vai investigar presidente do TJ do Paraná

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) promoveu nesta sexta-feira (26) um balanço parcial da fiscalização iniciada nesta semana no Tribunal de Justiça do Paraná e confirmou que o presidente do tribunal, desembargador Clayton Camargo, está entre os alvos da investigação.

Suspeita-se que Camargo possa ter participado de venda de sentenças quando atuava na 12ªCâmara Cível do TJ-PR e, em 2011, precisou tomar decisão em um processo sobre a guarda de crianças.

CNJ inicia fiscalização no Tribunal de Justiça do Paraná
TJ da Bahia chama suspeitas do CNJ de 'levianas'
Corregedor do CNJ diz que fará "limpeza" no Tribunal de Justiça da Bahia

O desembargador Rafael Augusto Cassetari, hoje aposentado, também é alvo da mesma apuração do CNJ.

"Temos denúncias que vão ser apuradas. Não posso me antecipar. Mas, se essas denúncias forem confirmadas, a corregedoria vai agir com muito rigor", disse o ministro Francisco Falcão, corregedor nacional de Justiça.

A reportagem solicitou entrevista com Camargo nesta sexta-feira, mas a assessoria de imprensa do TJ-PR informou que ele estava ausente e não seria possível localizá-lo por meio de telefone celular. A reportagem não conseguiu localizar o desembargador aposentado Cassetari.

O balanço parcial do CNJ listou sete problemas considerados relevantes no Judiciário paranaense.

Segundo Falcão, o TJ tem excesso de pessoal e carece de estrutura na primeira instância.

Durante entrevista na sede do TJ-PR, Falcão também afirmou que há concentração de cargos no segundo grau, tanto de desembargador como de assessor.

Parte dos problemas de estrutura na primeira instância, segundo a avaliação da equipe de 15 servidores e juízes do CNJ que fazem a fiscalização, se dá por causa do grande número de licenças de desembargadores, o que desfalca a primeira instância, que cede juízes para a segunda.

A fiscalização do CNJ deverá durar até 45 dias e ocorre justamente porque o TJ-PR descumpriu outras determinações de inspeções anteriores, realizadas em novembro de 2011.

A equipe de fiscais do CNJ também já conseguiu detectar que varas judiciais de Curitiba têm mais de 10 mil processos para serem apreciados atualmente. Outros 30 mil estão à espera de distribuição, ou seja, estacionados.

O pagamento de títulos precatórios, as dívidas do poder público com pessoas físicas e jurídicas e reconhecidas pela Justiça, apresentam "discrepâncias" entre o efetivamente devido e o valor fixado pela Justiça do Paraná para o pagamento.

Em um caso, o CNJ tenta investigar um provável caso de favorecimento na vara de falências. O síndico da massa falida de uma empresa teria sido designado para administrá-la por ser funcionário do escritório de advocacia do irmão de uma juíza. (ANDRÉ CARAMANTE)


Endereço da página:

Links no texto: