Folha de S. Paulo


Mais um policial é preso em MG após mortes de jornalistas

Mais um policial civil foi preso sob suspeita de envolvimento em crimes ocorridos na região do Vale do Aço, em Minas Gerais. Estão sob investigação 16 casos registrados nos últimos anos com indícios de participação de policiais, entre eles os assassinatos de dois jornalistas entre março e abril.

O policial, que não teve o nome divulgado, é o terceiro preso desde sexta-feira (19). Ele foi preso em caráter temporário nesta terça-feira (23) em Ipatinga e levado a Belo Horizonte.

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O comando da Polícia Civil não informa por quais desses 16 crimes ele é suspeito. Diz que não pode revelar informações sobre a eventual participação dos suspeitos nos crimes nem detalhes sobre as investigações, sob o risco de prejudicar a apuração.

Boa parte dos assassinatos, supostamente causados por um grupo de extermínio, estava sendo investigada pelo repórter Rodrigo Neto de Faria, do jornal "Vale do Aço", assassinado em março passado. Ele havia recebido ameaças de morte.

No começo de abril, foi morto o repórter fotográfico Walgney Carvalho, que trabalhava com Faria na editoria de polícia do mesmo jornal.

Toda a cúpula da Polícia Civil em Ipatinga e no comando regional do Vale do Aço foi substituída, por determinação do governo do Estado, após reunião com o comando das polícias. Um delegado-corregedor assumiu o comando regional.

Outros policiais, civis e militares, estão sendo investigados, segundo a corregedoria. Novos pedidos de prisão devem ser feitos à Justiça. Os três policiais estão presos em Belo Horizonte, onde são tomados os depoimentos.

As mortes dos jornalistas mobilizaram pastas e entidades de direitos humanos, como a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

A Procuradoria Geral de Justiça de Minas designou cinco promotores para acompanhar as investigações sobre as mortes dos jornalistas, com ordem de não se manifestar sobre as apurações fora dos autos.


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