Folha de S. Paulo


Empresa negociou contrato durante ida de Lula a Cuba

A Odebrecht aproveitou uma viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Cuba, em janeiro, para impulsionar discussões com o governo comunista sobre um novo contrato estratégico na ilha.

Trata-se da reforma de pelo menos dois aeroportos: o maior, de Havana, e o de Santiago, negócio avaliado em US$ 200 milhões, com financiamento do BNDES de US$ 150 milhões.

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O acerto deve sair nas próximas semanas e se negocia um financiamento do BNDES para a obra, segundo Hipólito Gaspar, da agência brasileira de exportação e investimentos Apex.

Um dos modelos discutidos foi a utilização das taxas aeroportuárias dos terminais como garantia do investimento da construtora. Em 2011, contabilizando apenas os turistas que chegaram de avião a Cuba, foram arrecadados US$ 67 milhões.

Conforme a Folha revelou, Lula mantém relação próxima com as empreiteiras brasileiras: elas pagaram quase a metade de suas viagens internacionais como ex-presidente.

Durante a estadia em Havana, Lula visitou, ao lado de Raúl Castro, as obras do porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht com financiamento do BNDES (US$ 683 milhões).

Ao fim da visita, participou de jantar com o embaixador brasileiro na ilha, José Felicio. O prestígio do ex-presidente atraiu ao evento toda a cúpula cubana, incluindo Raúl Castro e três vice-presidentes.

Lula deixou Havana como portador de uma lista de temas bilaterais e possíveis áreas para cooperação com o governo brasileiro, como ajuda no diagnóstico do sistema elétrico.

Questionada sobre a obra nos aeroportos de Cuba, a Odebrecht afirmou apenas que a empresa "não executa obras de aeroportos no país".

O BNDES informou que não comenta financiamentos ainda não aprovados.


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