Folha de S. Paulo


Após 4 gestões, José Sarney diz ter deixado um 'Senado melhor' para o seu sucessor

Um dia antes de ser eleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ouviu do antecessor, o senador José Sarney (PMDB-AP): "É isso mesmo o que você quer? Serão cinco meses de denúncias na imprensa. Vai aguentar?"

Renan respondeu que sim. "Você vai encontrar um Senado melhor", resignou-se Sarney, com a experiência de quem presidiu a Casa quatro vezes e enfrentou 11 processos no Conselho de Ética.

Desde 2009, quando enfrentou uma forte crise institucional com a revelação de que centenas de atos administrativos haviam sido secretos, Sarney se esforça para recontar a história e reforçar sua versão: a de que, com ele, o Senado se tornou uma instituição mais moderna.

Ontem, Sarney discursou por quase por uma hora sobre seu legado e chorou. Também disse que foi alvo de "xingamentos", mas que compreende que, quando se trata da imprensa, "o tempo corrige a prática de sua liberdade e os seus excessos".

"Quando assumimos, o Senado era quase uma Casa que não tinha visibilidade dentro do país; hoje, é a Casa da maior visibilidade legislativa do país, é a Casa que todos buscam para resolver os problemas institucionais."

Com 82 anos, ele disse à Folha que quer tirar licença de três meses do mandato para concluir a autobiografia "Boa Noite Presidente".

Sobre o choro, disse que, "quando a gente fica velho, se emociona mais. É o fim de uma etapa da minha vida e já não tenho tanto tempo."

O senador jura que não pretende assumir mais cargos. "O tempo não me permite mais." Ele nega as especulações de que pensou em assumir a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante da Casa, no biênio 2013-2014.

Colaborou NATUZA NERY, de Brasília


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