Folha de S. Paulo


Marcus Vinicius Coêlho é eleito presidente da OAB nacional

O advogado Marcus Vinicius Furtado Coêlho, 41, foi escolhido na noite desta quinta-feira, em eleição indireta, o novo presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), após uma disputa marcada por polêmicas e trocas de acusações. Ele ocupará o cargo pelos próximos três anos.

Eugenio Novaes
Marcus Vinicius Furtado Coelho, candidato à presidência da OAB
Marcus Vinicius Furtado Coelho, candidato à presidência da OAB

Coêlho foi secretário-geral na Ordem durante a presidência de Ophir Cavalcante e, após 15 anos de eleições com chapa única, disputou o o cargo com Alberto de Paula Machado, vice-presidente da gestão que agora chega ao fim.

Votaram 81 conselheiros federais da instituição, representantes das 27 unidades da federação. O presidente eleito recebeu 64 votos, contra 16 para Machado e apenas um voto em branco.

Não houve debates ao longo da campanha, repleta acusações entre partidários de cada um deles e por relatos de supostas irregularidades sobre a trajetória de integrantes das duas chapas.

Nos bastidores, partidários da chapa derrotada tentaram vincular, por exemplo, o nome de Marcos Vinicius Coêlho ao senador José Sarney (PMDB-AP), por ele já ter advogado para o atual presidente do Senado. Também levantaram uma suposta ação de improbidade contra Coêlho (por supostamente não ter prestado serviços de advocacia contratado por uma prefeitura no Piauí), que foi rejeitada na primeira instância, mas que está em fase de recursos.

Em entrevista publicada hoje na Folha, Ophir Cavalcante chegou a dizer que lamentava o nível da reta final da campanha, comparando-o ao "que se vê na política partidária".

O resultado das eleições da OAB Nacional representa uma derrota aos advogados de São Paulo, que não possui nenhum representante na diretoria. Foi exatamente por isso que, no limite das inscrições, Machado se lançou, com o paulista Guilherme Batochio como secretário-geral adjunto. A estratégia, no entanto, não teve sucesso.

O processo eleitoral durou cerca de duas horas. Assim que o placar atingiu 41 votos para Coêlho, gritos de "Marcus, Marcus, Marcus", tomaram conta do plenário da sede da OAB, em Brasília.

Ao final da votação, o advogado afirmou que sua gestão se concentrará na defesa das "grandes causas da República", como a reforma política, e a "valorização dos advogados brasileiros". "A defesa é tão importante quanto a acusação. É isso que a OAB precisa dizer, para o bem da moralidade pública, da segurança jurídica. Precisamos prestigiar o direito de defesa no nosso país".

Ele não quis comentar sobre os ataques sofridos durante a campanha. "Passo uma borracha em cima. Não há mais o que falar sobre o processo eleitoral, que tem suas dificuldades e atropelos. A partir de agora, não há mais vencedores e vencidos", disse. Ele tomará posse na manhã desta sexta-feira.


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