Morreu nesta quarta-feira (18) em Londres, aos 84 anos, o britânico Ronald Biggs, conhecido como o "assaltante do século".
Em 1963, Biggs participou do assalto a um trem carregado com depósitos bancários que ia de Glasgow, na Escócia, até a capital britânica. A quantia levada pelo bando foi recorde para a época: 2,6 milhões de libras --o que hoje equivaleria, em valores atualizados, a R$ 124 milhões.
Ronald Biggs, "ladrão do século", morre aos 84 anos no Reino Unido
Carpinteiro em Londres, Biggs virou "ladrão do século" no Brasil
No Brasil, Biggs participou de clipe dos Sex Pistols e fez filme com José Wilker
Saiba como foi feito o assalto ao trem pagador
A morte do assaltante, que se refugiou durante 30 anos no Brasil e acabou se tornando famoso no país, é um dos assuntos mais comentados do dia no Twitter.
"R.I.P. [sigla em inglês para "descanse em paz"] Ronald Biggs. Grande e lendário assaltante do trem pagador que após o assalto veio curtir as praias do Brasil", disse o internauta Smith Junior (@advsmithjr).
O tuiteiro Rogerinho (@rogerinhofm) também homenageou o célebre ladrão. "Bancos são as instituições mais criminosas já criadas. Ronald Biggs assaltou um trem que levava depósitos bancários. Ladrão que rouba ladrão...", disse.
Mas tem todos aprovam a conduta do suposto "Robin Hood". "Lendo um pouco da história de Ronald Biggs fico sem entender como um bandido era tão idolatrado. Ele fez coisas horríveis e não foi punido!", protestou Maria Gurgel Gurgel (@gurgel_maria).
LADRÃO CELEBRIDADE
Após o assalto, Biggs, assim como a maior parte do grupo de assaltantes foi preso pela polícia britânica. Meses depois, no entanto, ele conseguiu escapar da cadeia e iniciou uma longa fuga, passando por Espanha e Austrália, até se estabelecer no Brasil, em meados da década de 1970.
Ele teve um filho com sua namorada Raimunda, Michael Biggs, o Mike, que foi cantor do grupo infantil brasileiro Balão Mágico e hoje é empresário.
Ao descobrir que o "ladrão do século" estava em solo brasileiro, o governo britânico iniciou uma batalha judicial para sua extradição. A questão, contudo, é que a legislação britânica não admite a formulação de pedido oficial de extradição a país com o qual não tenha tratado de extradição. O acordo entre o Brasil e o governo britânico só entrou em vigor em outubro de 1997 --25 anos depois do assalto ao trem pagador.
O caso foi então para julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) --que considerou o Estatuto do Estrangeiro que estabelece que, antes de julgar a extradição, os juízes devem levar em conta o prazo estabelecido pela legislação brasileira. No Brasil, o audacioso assalto havia prescrito há cinco anos.
FALIDO
Nos últimos anos de sua estadia no Brasil, Biggs vivia em dificuldades financeiras. Ele transformou sua casa em Santa Teresa (zona central do Rio) em uma espécie de museu para turistas britânicos e vendia camisetas, bonés e outros produtos de sua "marca" em uma página na internet.
Em 2001, Biggs afirmou que desejava retornar ao Reino Unido. Seu advogado brasileiro na época, Wellington Mousinho, afirmou à Folha que Biggs só voltaria "com o perdão judicial". Rumores indicavam, contudo, que ele receberia uma grande quantia do tabloide "The Sun" pela exclusividade de sua história.
Biggs já havia sofrido dois derrames e vizinhos cariocas diziam que ele andava com dificuldades e quase não podia falar. Só saía de casa para ir de táxi a sessões de fisioterapia, na Tijuca (zona norte). Mousinho ressaltou, contudo, que ele estava lúcido e que voltava ao Reino Unido porque estava com saudades.
CONDICIONAL
Preso, Biggs cumpriu mais de um terço da pena no centro de detenção Belmarsh, centro de detenção de segurança máxima.
Em agosto de 2009, Biggs, que estava doente, foi libertado.
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