Folha de S. Paulo


Professores pedem fim de violência e depredação em ocupações na USP

A Universidade de São Paulo (USP), São Paulo e o Brasil assistem estupefatos às cenas de violência desenfreada e depredações reveladas após a desocupação da reitoria por um grupo que se apresenta como representativo dos estudantes, e alega estar agindo politicamente em nome da democracia e da participação.

'Universidade confunde processo eleitoral com participação e igualdade', diz leitora

Os fatos já não autorizam as tentativas de tolerar –por ingenuidade ou má fé– as práticas dessa ínfima minoria como manifestações legítimas da liberdade de opinião.

A sobrevivência de nossa universidade no que ela tem de essencial, que é a livre manifestação da diversidade –de opiniões, de métodos, de teorias e de doutrinas– e o direito ao dissenso, estão ameaçados quando se tenta impor opiniões pela força.

A política é uma tardia invenção humana que consiste na renúncia ao emprego de qualquer tipo de violência –massacres, raptos, estupro, saques– que marcaram por milênios a luta pelo poder.

A USP enfrenta hoje o desafio de decidir se deve continuar admitindo, na convivência universitária, esse tipo de práticas que, mediante a intimidação, a agressão física, a destruição do mobiliário escolar, a apropriação indébita do patrimônio público e de pertences de funcionários –cuja intimidade do local de trabalho foi violada– paralisa uma parte essencial da administração, e impõe uma greve que não é seguida pela esmagadora maioria dos estudantes.

Cursos inteiros estão correndo o risco de perder o semestre porque são impedidos, pela força, de assistirem às aulas.

O próximo ano acadêmico deverá ser marcado por decisões estratégicas sobre o destino da USP incluindo, entre outras coisas, alterações de fundo sobre seu sistema decisório.

O livre debate que esse desafio implica estará ameaçado se não colocarmos um limite à ação daqueles que já deixaram claras suas intenções de tumultuar, pela violência e a agressão, a liberdade de discussão e o direito de decisão da maioria.

HÉLIO NOGUEIRA DA CRUZ é professor titular (1989) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
TELMA ZORN é professora titular do departamento de Biologia Celular e Tecidual do Instituto de Ciências Biomédicas da USP

Curta o Painel do Leitor no Facebook
Siga o Painel do Leitor no Twitter

*

PARTICIPAÇÃO

Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor.online@grupofolha.com.br


Endereço da página:

Links no texto: