Folha de S. Paulo


Classe médica é excluída e ignorada pelos governantes, reclama leitor

A discussão segue sobre vários pontos, confirmando que o problema da saúde brasileira é muito amplo. Porém, depois de um mês de efervescência político-médica podemos identificar alguns argumentos, princípios e atos que nos submetem a ciclos, que coincidentemente, ou não, tendem a chegar ao mesmo lugar: nenhum.

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Enquete: Estudantes de medicina devem trabalhar no SUS para completar formação?

Para os médicos, a representação de classe vem sendo ignorada pelas autoridades públicas, seja do Executivo ou Legislativo. Em 21 de junho, a presidente divulgou o primeiro pacote de soluções políticas, através da importação de médicos estrangeiros e criação de novas vagas em universidades para formação e residência médica.

Antes do início das críticas e manifestações, nosso Conselho Regional de Medicina (CRM) posicionou-se contrário a tais medidas, propondo ações para mobilizar médicos. Mas com a mesma velocidade que nosso governo previa solucionar a crise com "escravos hermanos", a medida se esvaiu.

Surge então, como manchete nos jornais, que Padilha, Jatene e seus colegas, concluíram que o problema seria a logística da formação do aluno, e não a falta de suporte, onde obrigando um profissional inexperiente a servir o SUS por 2 anos, estaria solucionada a crise novamente, sem os cubanos.

De supetão, o CRM e CFM foram forçados a assumir publicamente o desconhecimento e a falta de consulta prévia sobre essa medida. Além de que seriam contrários a ela.

Fica claro analisando historicamente as últimas reivindicações que instituições representativas da classe médica não têm nenhum valor perante os governantes, sendo excluídas do processo de elaboração, discussão e consulta sobre medidas futuras ou imediatas na saúde.

Ações efetivas devem ser propagadas por nossos representantes, evitando que o momento favorável seja prejudicado pela tergiversação de ideias. Em especial com relação a Emenda Constitucional 29, a chamada emenda da saúde.

Por fim, considero que propostas de nossos órgãos de classe têm valores inquestionáveis, mas historicamente vem falhando na execução. Exemplifico com a campanha "Proteja-se", que em 2004 já dizia que novas escolas de medicina não teriam infraestrutura pessoal e hospitalar adequadas para formação médica, prevendo inclusive que a Ufscar entraria em colapso. Ao ponto que hoje seus próprios alunos protestam para esta ser fechada.

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