Folha de S. Paulo


Trabalhei no interior, sem condições mínimas, e ainda levei calote, diz médico

No momento, o país está dividido sobre o projeto de trazer médicos estrangeiros para atuar em cidades pequenas.

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Nasci em Teresina (PI) e me formei em medicina na Universidade de Pernambuco (UPE) em abril de 1998. Logo comecei a trabalhar na cidade de Altinho, no interior do Estado, localizada a 160 Km de Recife.

Atendia sozinho, no único hospital da cidade, adultos, crianças e realizava partos.

Algumas vezes atendi, sozinho, mais de 200 pessoas em um plantão de 24 horas. Casos mais graves eram encaminhados de ambulância a Caruaru, distante 30 mm.

Fiquei desiludido de trabalhar no interior por não ter o básico para exercer a profissão: material para parada cardíaca na emergência, Raio X, suporte de emergência na sala de parto. E o pior, levei um calote da prefeitura de Altinho no valor de 25 salários mínimos.

Fiz vários apelos sem sucesso ao secretário de Saúde do município. Desisti e pedi demissão após receber uma ameaça do prefeito pela cobrança da dívida.

Hoje sou cirurgião vascular pós-graduando da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e, por falta de políticas adequadas para fixar os médicos onde eles são necessários, seja no interior do país ou nas periferias das metrópoles, não arrisco trabalhar e levar minha família a esses lugares.

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