Folha de S. Paulo


Coleção Folha reúne 30 grandes nomes do soul e do blues

Valentin Flauraud/Associated Press
In this picture made available Thursday, July 17, 2014, US musician Stevie Wonder performs on the stage of the Auditorium Stravinski at the 48th Montreux Jazz Festival, in Montreux, Switzerland, Wednesday, July 16, 2014. (AP Photo/Keystone, Valentin Flauraud) EDITORIAL USE ONLY ORG XMIT: VFL101
Stevie Wonder, que abre a coleção com Marvin Gaye, durante show no festival de Montreux, na Suíça

A partir do próximo domingo (15), a Coleção Folha Soul & Blues começa a levar às bancas 30 volumes que trazem biografias e canções de grandes intérpretes do soul e do blues. São dois gêneros musicais que marcaram fortemente a cena musical e cultural do século 20.

A coleção descreve a trajetória de 30 grandes cantores, grupos vocais e compositores norte-americanos em livros acompanhados de CD, contendo uma seleção das músicas que se destacaram em suas carreiras.

Cada volume é ilustrado com fotos, algumas bem raras, e traz sugestões de livros, discos e filmes relacionados a cada intérprete.

Dividida em duas partes, os 15 primeiros volumes da coleção são dedicados às grandes estrelas do soul como Stevie Wonder, James Brown e Smokey Robinson.

Os 15 volumes seguintes trazem de precursores do blues, como Robert Johnson e Bessie Smith, a nomes contemporâneos como Shemekia Copeland. "Bluesmen" de peso como B.B. King e Muddy Waters não foram deixados de fora.

Segundo o jornalista e crítico de música da Folha Carlos Calado, que escreve os textos dos dois livros-CDs que abrem a coleção, "o blues e o soul serviram de veículos para que os negros norte-americanos pudessem se expressar de maneira artística, em diferentes épocas".

Calado é responsável pela edição da coleção e assina o texto de dez volumes ao lado de especialistas da área.

São eles Lauro Lisboa Garcia, Mauro Ferreira, Roberto Muggiati e Helton Ribeiro.

As capas da coleção marcam o primeiro trabalho editorial do muralista Eduardo Kobra, cujas obras já estiveram expostas em ruas e galerias de São Paulo, Itália, Suécia e Polônia, entre outros.

Stevie Wonder e Marvin Gaye abrem a coleção. Na compra do primeiro volume (por R$ 17,90), o segundo é gratuito.

CRIADORES DE CLÁSSICOS

Calado conta que a escolha dos dois músicos na abertura da coleção não foi aleatória: "Além de serem compositores e intérpretes inovadores, os dois criaram vários clássicos da soul music."

Ambos foram colegas na gravadora Motown, especializada em música soul nas décadas de 1960 e 1970, e tiveram em comum uma infância pobre e conturbada, marcada por relacionamentos problemáticos com seus pais.

O drama do gênio musical Stevie Wonder começou logo após seu nascimento, ao perder a visão. Em algumas entrevistas, Stevie disse que "o fato de um homem perder o uso dos olhos não significa que ele perdeu a visão".

Já aos 13 anos, o garoto desfrutou de seu primeiro sucesso "Fingertips", lançado em 1963. Nas duas décadas que se seguiram, o músico emplacou hits como "I Was Made to Love Her" e "Superstition".

Nos anos 1970, assim como James Brown e Marvin Gaye, Stevie usou sua música para combater o preconceito racial e lutar pela igualdade de direitos civis dos negros.

O CD que acompanha o volume da coleção tem produções de várias fases de sua carreira de 23 álbuns e 98 singles,entre eles os sucessos "I Just Called to Say I Love You" (1984) e "Overjoyed" (1985).

Aos 64 anos, o cantor e compositor continua em atividade e pode retornar ao Brasil no segundo semestre deste ano para novos shows.

TRAGÉDIA MILITAR

Assim como Stevie Wonder, Marvin Gaye teve uma forte conexão com a música desde muito cedo.

Em 1961, o músico assinou com a Motown e gravou jazz e parcerias dançantes com diversas cantoras como Kim Weston e Diana Ross.

Entretanto, foi apenas em 1971, com o álbum "What's Going On", que o músico alcançou o momento mais autoral e elogiado de sua carreira. O CD da coleção reúne canções desta fase como "Trouble Man" e a quentíssima "Let's Get it On".

No dia 1º de abril de 1984, Gaye foi morto na cozinha de casa, por um tiro disparado por seu pai durante uma discussão. Tinha 44 anos.


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