Folha de S. Paulo


Leitores comentam artigo de Rafinha Bastos e limites do humor

Ao se comparar com os chargistas do "Charlie Hebdo", Rafinha Bastos mistura alhos com bugalhos ("Você é realmente Charlie?", Tendências/ Debates, 16/1). A recusa à sacralização de qualquer crença é o fundamento clássico da liberdade de expressão. O limite a ela é o discurso de ódio, no qual se enquadra, por exemplo, a apologia do estupro.

LUIS FELIPE MIGUEL, professor do Instituto de ciência política da Universidade de Brasília (Brasília, DF)

Eric Gaillard/Reuters
Pessoas fazem fila em banca parisiense para comprar a nova publicação do jornal satírico 'Charlie Hebdo', que tem a frase 'Tudo é perdoado'
Pessoas fazem fila em banca parisiense para comprar a nova publicação do jornal satírico 'Charlie Hebdo', que tem a frase 'Tudo é perdoado'

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Rafinha Bastos, concordo inteiramente com o que você escreveu. Acho que pegaram pesado com você. O Brasil é imaturo sobre esse tema. Não passamos por grandes revoluções, como a França, por exemplo, país que tem direitos e obrigações muito bem assentados. Os brasileiros precisam saber mais sobre a liberdade de expressão, mas também sobre a liberdade de sermos livres. Chegaremos lá.

VINICIUS NAVARENHO DE SOUZA (São Caetano do Sul, SP)

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O artigo de Rafinha Bastos é uma manifestação explícita de egocentrismo e oportunismo. É de um ridículo atroz Rafinha querer se comparar aos cartunistas do "Charlie Hebdo". As reações à infeliz "piada" de Rafinha (processos judiciais e manifestações de repúdio) são plenamente admissíveis em um mundo civilizado. A violência praticada pelos radicais islâmicos não.

MARCELO DAWALIBI (São José dos Campos, SP)

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Ao chorar suas pitangas, Rafinha Bastos cria uma falsa simetria entre o caso dele e o horrendo atentado ao semanário francês "Charlie Hebdo". Não há simetria entre a troça com o fundamentalismo religioso assassino e piadas que ecoam lógicas opressivas do machismo, homofobia e transfobia, tão comuns no Brasil. Liberdade de expressão não é cheque em branco para humilhar oprimidos. Piada de estupro não é piada, é incitação ou apologia de crime, conforme os artigos 286 e 287 do Código Penal.

IGOR SAVITSKY, advogado (Campinas, SP)

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O papa Francisco é realmente insuperável. Afinal alguém "pôs o dedo na ferida". Efetivamente, nada justifica homicídios e muito menos o terrorismo em nome da fé. Mas deve haver um limite para a liberdade de expressão no que concerne à fé alheia. Mais uma vez, o pontífice se destaca por suas posições.

JUAREZ DANTAS (São Carlos, SP)

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Em seu artigo "Francisco, por que não te calas?", Reinaldo Azevedo prega uma liberdade de expressão absoluta para todos, menos para o papa, que destaca que a liberdade de expressão tem, sim, limites, e que não se deve ofender gratuitamente quem quer que seja, pessoas ou religiões. No contraditório mundo de Reinaldo Azevedo, o semanário francês "Charlie Hebdo" pode falar tudo, mas o papa Francisco deve-se calar, ainda que fale legitimamente para todos os católicos. Um pouco extremista, não?

GILBERTO HELENO (São Paulo, SP)

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Em sua coluna na Folha Rafinha Bastos procura se comparar aos jornalistas franceses no que se refere, principalmente, à punição pelas suas ideias. Primeiramente, as consequências foram completamente diferentes. Ele perdeu contratos e os franceses, a própria vida. Acredito que, em sua fala, ele defenda a liberdade de expressão e espere que daqui por diante esses fatos tenham desfechos diferentes, no caso de polêmicas envolvendo crenças ou pessoas. Porém, o que ficou mais evidente foi uma vitimização e um coitadismo que não combinam em nada com sua postura diante do seu público.

ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP)

Os argumentos de Rafinha Bastos até me fizeram mudar de opinião a seu respeito no caso com a Wanessa Camargo. Realmente acredito que os humoristas não devem ter limites nas suas criações, porém ele tem que ter humor suficiente para respeitar e aceitar a liberdade de opinião, afinal, "chumbo trocado não dói"!

SERGIO TAKEO MIYABARA (São Carlos, SP)

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