Me causou estranheza a reportagem "Padilha culpa Alckmin pela falta de água em São Paulo". Do título ao corpo da reportagem, o que se vê é a replicação de "achismos" do pré-candidato Alexandre Padilha a respeito da escassez de água em São Paulo sem que tenha havido apuração de fato a respeito dos investimentos do Governo de São Paulo no setor.
Além de eleitoreira, a declaração é mentirosa. Obras de grande porte foram, sim, construídas: um exemplo é a PPP Alto Tietê, que foi concluída em 2011 e que adicionou 5.000 litros por segundo de água tratada ao sistema de abastecimento metropolitano. A empresa também aumentou a produção de água nos sistemas Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia, Baixo Cotia e Embu-Guaçu, com mais 10.600 L/s. Ou seja, entre 2004 e 2013, foram incluídos 15.600 litros de água por segundo –o suficiente para abastecer 4,7 milhões de pessoas.
A Folha poderia também ter lembrado ao leitor que o candidato fez as declarações em visita à cidade administrada por um correligionário e onde a falta de água é, inclusive, anterior ao próprio problema de abastecimento do sistema Cantareira, informação que pode ser facilmente verificada em uma breve pesquisa em sites de busca na internet ou conversando com os moradores da cidade. Omite também que por má gestão na coleta e tratamento do esgoto de Guarulhos, há mais de 15 anos sob gestão petista, esta cidade se tornou uma das maiores, senão a maior responsável pela poluição e contaminação das águas do rio Tietê, em cuja defesa sugere o ex-ministro pretender militar.
Mais estranheza ainda causa o fato de um jornal do porte da Folha utilizar uma fotografia publicitária do ex-ministro, feita pela empresa contratada pelo PT para divulgar à imprensa a campanha petista ao Governo do Estado.
A Folha sempre prezou pelo bom jornalismo, apartidário, crítico e sério. Foi desta forma que se transformou no jornal mais lido de São Paulo e um dos mais importantes do Brasil. Espero francamente que não desvie dessa rota nesta eleição.
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