Folha de S. Paulo


"PM fechou Paulista para avenida não ser fechada", critica leitor; leia relatos

A ação policial da noite desta quinta-feira (13) contra manifestantes que pedem a revogação do aumento das tarifas de transporte público em São Paulo, que acabou com pelo menos 235 pessoas detidas, foi testemunhada por leitores da Folha.

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Veja relato de quem participou ou estava passando perto dos protestos:

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"JOGARAM PEDRAS CONTRA A JANELA DO MEU PRÉDIO", DIZ LEITOR

O leitor Raúl Fernández, 58, conta que um grupo de manifestantes jogou pedras contra o prédio em que ele mora, na rua São Carlos do Pinhal, 248. "Acertaram a janela do segundo andar do edifício, quebrando o vidro, por sorte não machucaram nenhum residente", afirmou Fernández. "Podem verificar, ainda está o buraco na janela."

"Concordo com o direito de se manifestar, mas repudio atos de violência e acho justa a repressão policial, pois tudo o que está sendo depredado é pago com nossos impostos e devemos nos proteger do vandalismo. Todos temos direitos, não só os manifestantes, isso é democracia."

Ainda segundo o relato do leitor, "é muito fácil jogar a culpa na polícia e colocar os vândalos como mártires".

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"PM FEZ AQUILO QUE QUERIA EVITAR: FECHOU A PAULISTA", CRITICA LEITOR

O advogado Thiago Takamoto, 26, afirma apoiar com ressalvas as manifestações contra o aumento das tarifas. "Não utilizo o transporte público, mas sou favorável à causa defendida pelos manifestantes", disse, ressaltando que não concorda, com o "vandalismo praticado por alguns deles".

Após acompanhar as outras passeatas "da calçada", Takamoto se surpreendeu com a violência praticada pela polícia na repressão ao movimento, que segundo ele lembraram os tempos da ditadura. "Jornalistas e manifestantes presos por trazerem consigo garrafas de vinagre, pessoas sentadas em mesas de bar que foram detidas para averiguação! Em que época estamos mesmo?", questionou.

Para o advogado, morador da região dos Jardins, a ação "desproporcional" dos policiais levou a um cenário curioso. "A PM, que quis a todo custo impedir a interdição da Paulista pelos manifestantes, fechou, ela mesmo, os dois sentidos da avenida", ironizou.

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MORADORES XINGARAM A POLÍCIA, DIZ LEITORA

A publicitária Priscila Lima Dias, 23, vive na avenida Angélica, via próxima do local onde começou o confronto entre a polícia e manifestantes na noite desta quinta-feira (13) no centro de São Paulo. Ela relata ter acompanhado a movimentação e o início do conflito pela janela de seu apartamento.

"Vi muitos policiais reunidos na rua da Consolação e fui rápido para casa por medo de violência. Não demorou para começar o barulho de pequenas explosões e tiros. Vi fotógrafos na rua da Consolação tirando fotos, mas logo eles começaram a correr no sentido da rua Augusta quando tiros foram disparados na direção deles", contou.

A publicitária disse que neste momento alguns vizinhos também acompanhavam o conflito pelas suas janelas e que muitos passaram a xingar e ofender os policiais. Segundo ela, mesmo morando em um andar alto, seus olhos ficaram irritados devido a quantidade de gás lacrimogêneo usado pelos policiais.

"Via na TV uma realidade que não condizia com o que estava vendo da minha janela. Então, resolvi descer e ver mais de perto. Os manifestantes estavam calmos, cantando e alguns com flores nas mãos. Assim que a grande maioria passou, foi jogada uma bomba de efeito moral", relatou. Segundo a leitora, apenas um manifestante cometeu um ato de vandalismo ao destruir uma lixeira. "Quando a polícia finalmente passou pela entrada do prédio, foi recebida por xingamentos e protestos dos moradores: 'Por que vocês não prendem bandidos ao invés de estudantes?', a resposta foi 'cala a sua boca'".

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