Folha de S. Paulo


WALTER TORRE

Luz traz modernidade

Tom Vieira/Agif/Folhapress
O prefeito de São Paulo. João Dória, entrega nova iluminação da Ponte Octavio Frias de Oliveira, a Ponte Estaiada
Nova iluminação da ponte Octavio Frias de Oliveira, localizada na zona sul de São Paulo

São Paulo amarga há dois anos um apagão. Durante esse período de trevas burocráticas, arrastam-se pelos tribunais gincanas jurídicas que impedem que a maior metrópole da América Latina tenha seus caminhos iluminados para uma modernidade nem sequer imaginada. Resultado: desperdiçamos muito tempo e dinheiro, e o paulistano já perdeu segurança e economia.

Se a prefeitura não fizesse vistas grossas para a legalidade, a PPP de Iluminação Pública estaria em vigor, na claridade das ruas e não nos pontos cegos de gabinetes.

Já poderiam ser notadas inúmeras vantagens oferecidas pela iluminação em LED. De cara, uma redução de consumo da ordem de 30%. Dinheiro que seria suficiente para tirar centenas de áreas da periferia da escuridão. Economia de energia, mais lúmen por watt.

As novas tecnologias já poderiam colocar vida e controle em cada luminária. Como se fosse um Big Brother metropolitano. Por meio de sistemas de antenas, contaríamos atualmente com olhos digitais, onde tudo é possível ver, desde o monitoramento total da área até o total acompanhamento dos movimentos, típicos e atípicos, informando uma grande central de vigilância sobre tudo o que ocorre na cidade.

Num acidente em determinado lugar, por exemplo, disporíamos da possibilidade de aumentar a claridade especificamente naquele ponto, chamando mais atenção. Ou quando não há a necessidade de tanta luminosidade, diminuir, a ponto de até apagar caso não haja ninguém naquele instante. Dessa forma, mais energia se economiza.

Modernos sistemas estariam jogando luz e monitorando o assaltante ou detectando o roubo de carro do início até o fim de seu percurso, sabendo exatamente o que ocorreu, como e onde, e onde está o bandido e/ou o carro.

Este sistema totalmente disruptivo, dentre tantas vantagens, diminuiria, em muito, o prêmio dos seguros dos automóveis.

Além do mais, a cidade teria o controle total dos veículos, se estão com IPVA em dia ou não. Os postes de iluminação estariam operando como pedágios inteligentes, em determinadas áreas ou horas do dia, contribuindo com gestão da chuva, previsão de inundação, se adiantando aos controles etc. Estaríamos desfrutando da sonhada "Smart City". A imaginação é o limite.

Em suma, a cada ponto de luz, instalado a cada 25 ou 30 metros, estaria uma inesgotável fonte de transmissão e de informação. Mais segurança e controle sobre o que acontece na nossa cidade.

São Paulo se destacaria muito como a maior cidade 100% LED, e poderíamos ser o piloto mundial de vários experimentos, principalmente pelo gigantismo do número de pontos controlados. Afinal, teríamos todos os postes de luz geridos.

Diante de um orçamento apertado, o município se beneficiaria do percentual que agora sobrará em função do desconto da Cosip (Contribuição Para Custeio da Iluminação Pública), incluída na conta de energia. Dinheiro que a prefeitura já poderia estar usando em benefícios ligados à iluminação pública.

Vale lembrar que a administração ficará com 50% nos resultados das operações dessa tecnologia e dos serviços acessórios.

As vantagens estão a um palmo da mão, e estamos preparados há dois anos para dar um salto na iluminação, com economia de bilhões de reais. Os paulistanos já deixaram de economizar muitos megawatts, e a cidade não pode seguir às escuras. São Paulo é um farol para o país. Não podemos perder mais tempo com entraves que têm atravancado nossa trilha rumo à modernidade. O Brasil está farto de postes!

WALTER TORRE, engenheiro civil, é empresário e presidente do conselho da WTorre

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