No último domingo (22), nas eleições de metade do mandato presidencial, os argentinos elegemos representantes para o Congresso da Nação, nosso Parlamento federal bicameral. Como toda eleição de metade de mandato, foi uma avaliação da gestão do presidente Mauricio Macri e do nosso governo.
A vitória eleitoral clara obtida pelo partido governista reafirma o rumo político empreendido pelos argentinos em 22 de novembro de 2015, quando a coalizão Cambiemos (Mudemos, em espanhol), liderada por Macri, chegou à Presidência.
A Cambiemos foi a força política que teve a preferência ao nível nacional, com mais de 40% dos votos, conseguindo se impor em 13 dos 24 distritos eleitorais do país. Venceu nos maiores núcleos populacionais, onde vivem mais de dois terços da população nacional, alcançando um marco histórico desde o retorno da democracia na Argentina.
As razões dessa vitória significativa se encontram nos próprios eleitores. Após mais de uma década de um governo fechado ao mundo e marcado por enfrentamentos, a sociedade argentina ratificou o caminho escolhido por nosso governo.
A proposta da Cambiemos se baseia em princípios republicanos e valores fundamentais de nossa sociedade, como transparência, honestidade, confiança e solidariedade.
O apoio recebido reflete uma transformação cultural profunda dos argentinos, que confiam no longo prazo. Não obstante uma conjuntura econômica ainda não inteiramente fácil, a confiança no governo cresceu.
As reformas empreendidas pelo presidente Macri começam a dar frutos. Isso se reflete na melhora dos indicadores econômicos e na diminuição do desemprego, da pobreza e indigência.
Recentemente, o FMI elevou a previsão de crescimento da economia argentina em 2017, estimando-a agora em cerca de 2,5%. O Banco Mundial, por sua vez, reconhece que o país "está em um processo de transformação econômica que promove desenvolvimento econômico sustentável, com inclusão social e inserção na economia global".
Hoje nós, argentinos, nos colocamos diante do mundo como o que temos sido historicamente: um povo aberto e receptivo. Desejamos nos relacionar de modo inteligente com parceiros em todo o mundo, para ampliar o comércio, receber investimentos e trocar conhecimentos.
O Brasil é um aliado fundamental nesse caminho. Nossa história comum transcende os governos e as circunstâncias.
No Mercosul, Argentina e Brasil, somados ao Uruguai e Paraguai, têm um grande caminho compartilhado de aprendizagem e união.
Além do avanço nas negociações para o acordo Mercosul-União Europeia, sob a presidência argentina pro tempore foram iniciados diálogos com países e blocos de todo o mundo. Essas conquistas têm hoje uma continuidade garantida pela presidência pro tempore brasileira.
Em 2018, durante sua presidência do G20 e na conferência ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), a Argentina vai apresentar uma visão renovada e a partir do Sul, uma perspectiva latino-americana que expresse as preocupações e aspirações de nossos povos: reduzir a pobreza, melhorar a qualidade de vida, um comércio global justo e o futuro do trabalho e da educação.
O resultado eleitoral do domingo passado nos impõe o desafio de trabalhar com mais força por um desenvolvimento inclusivo e sustentável. Com o Brasil e nossos países aliados, continuaremos a construir uma Argentina previsível e próspera para todos.
JORGE FAURIE, 65, advogado e diplomata, é ministro de Relações Exteriores e Culto da Argentina
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