Folha de S. Paulo


editorial

Macri versus Cristina

Juan Mabromata and Eitan Abramovich/AFP
Photo composition showing file pictures of Argentine President Mauricio Macri(L) delivering a speech in support of Cambiemos party legislator candidates in Buenos Aires on October 17, 2017 and Argentina's former President and Buenos Aires senatorial candidate for the Unidad Ciudadana Party, Cristina Fernandez de Kirchner delivering a speech at Juan Domingo Peron stadium in Avellaneda, Buenos Aires on October 16, 2017. Argentine President Mauricio Macri's minority government faces a mid-term electoral test Sunday which is likely to confirm the political comeback of ex-president Cristina Kirchner, who is set to win a Senate seat. / AFP PHOTO / Juan MABROMATA AND Eitan ABRAMOVICH
O atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, e a ex-presidente Cristina Kirchner

Os argentinos renovarão, neste domingo (22), um terço das cadeiras do Senado e quase metade da Câmara dos Deputados. A despeito da vitória esperada no pleito, as forças governistas não conseguirão reverter a condição de minoria nas duas Casas.

Voltam-se as atenções sobre o desempenho da ex-presidente Cristina Kirchner, hoje na oposição.

Candidata a senadora pela província de Buenos Aires, ela encabeça chapa que deve ser derrotada por pequena margem, apontam as pesquisas, pela da coalizão Cambiemos, do presidente Mauricio Macri. Como há três vagas em disputa, a líder populista provavelmente ocupará o assento reservado ao segundo partido mais votado.

Isso posto, tanto o oficialismo quanto o próprio kirchnerismo tentam mensurar a atual capacidade de mobilização da política que liderou a Argentina de 2003 a 2015 —contados os quatro anos do mandato de Néstor Kirchner, marido de Cristina, morto em 2010.

A ex-presidente vê no Legislativo o palanque ideal para consolidar seu plano de voltar à Casa Rosada nas eleições de 2019. Conta, a seu favor, com a maior bancada no Senado, o que obriga o macrismo a negociar com seus representantes cada projeto do governo.

Parte de seus apoiadores teme, porém, que ela não tenha mais fôlego político para enfrentar Macri, que provavelmente buscará a reeleição. Recente levantamento indicou rejeição a Cristina Kirchner em torno de 60%; o fato de não ter feito seu sucessor em 2015 contribui, claro, para a desconfiança.

Outro obstáculo é o risco de ver suas ambições inviabilizadas pela Justiça. O ex-ministro do Planejamento e hoje deputado federal Julio De Vido, um dos homens mais fortes do antigo governo, será preso preventivamente por chefiar um esquema de corrupção, caso a Câmara retire seu foro privilegiado.

Dada a proximidade de De Vido com os negócios da antiga chefe, não se descarta a hipótese de que ela também seja condenada até a disputa pelo Executivo.

Macri, por sua vez, deve se fortalecer com a esperada vitória neste pleito legislativo. Entretanto ainda terá de converter em benefício real aos mais pobres as reformas em curso para se postular como favorito daqui a dois anos —seja contra Cristina Kirchner ou não.

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