Folha de S. Paulo


editorial

A um ano do pleito

Lalo de Almeida/Folhapress
ORG XMIT: 015201_1.tif SÃO PAULO, SP, BRASIL, 03-10-2010: Eleição Presidencial no Brasil, 2010: José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, ao votar no primeiro turno da eleição no Colégio Santa Cruz, na zona oeste de São Paulo (SP). Dilma Rousseff (PT) e Serra disputarão o segundo turno das eleições no dia 31 de outubro de 2010. A petista ficou com 47.651.434 votos, ou 46,91% da preferência. O tucano obteve 33.132.283 votos, ou 32,61%. O eleitorado brasileiro é formado por 135.804.043 brasileiros. Foram às urnas 111.193.747 (81,88% do total) eleitores no Brasil e no Exeterior. Outros 24.610.296 (ou 18,12% do total) não compareceram. O TSE registrou 3.479.30 votos em branco (3,13%) e 6.124.254 nulos (5,51%). Os eleitores votaram para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual, ou distrital, no caso de Brasília. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress, PODER)
Cabine de votação da eleição de 2010

Pesquisas de intenção de voto realizadas um ano antes da data do pleito devem ser lidas com cautela. Cuidados e ressalvas são ainda mais recomendáveis tratando-se da próxima disputa presidencial.

O quadro de candidatos ainda não se definiu, nem as reais possibilidades da miríade de nomes em cena. O país atravessa um período de instabilidade política e mal superou a brutal recessão econômica; sobressaltos causados por episódios de corrupção atingem políticos de diferentes partidos e inclinações ideológicas.

É natural que nesse cenário instável e especulativo apareçam com destaque políticos com imagem já consolidada no imaginário do eleitorado —e que surjam, em contrapartida, alguns franco-atiradores.

Não surpreende, portanto, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidere os cenários eleitorais apresentados pela pesquisa Datafolha que vem à luz neste domingo (1º). Tampouco que Marina Silva (Rede) fique em vantagem quando o nome do petista é retirado da lista de postulantes.

São nomes que, por razões diversas, se mantêm vivos na memória de parte significativa da população. Lula, cuja candidatura é cada vez mais incerta, por ter governado em época de vacas gordas; Marina, pela presença nos últimos dois pleitos –e por não ter sido envolvida em escândalos.

O petista, contudo, tem a maior rejeição entre todos os candidatos. Somam 42% os que dizem que não votariam em Lula de jeito nenhum, percentual bem acima dos 26% que descartam Marina.

Além de restrições partidárias, decerto contribui para o repúdio ao ex-presidente a importância atribuída pelos entrevistados à ficha limpa dos postulantes.

O vice-campeão em rejeição, com 33%, é Jair Bolsonaro (PSC), o mais cotado dos franco-atiradores. A elevada intenção de voto no deputado, que defende teses de conservadorismo tosco, pode ser em parte explicada pela atmosfera de repulsa aos políticos e pela ausência de uma candidatura de centro-direita mais definida.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos nomes que poderiam ocupar essa faixa, ainda disputa com o prefeito paulistano João Doria a candidatura do PSDB. Nos diversos cenários, ambos aparecem em posição equivalente, sem superar 10% das intenções.

É plausível que candidaturas moderadas venham a conquistar terreno na disputa. Afinal, parte relevante do eleitorado evita os extremos do espectro ideológico, aproximando-se do centro. Se confirmada, a expectativa de aceleração da economia no próximo ano também concorre, em tese ao menos, para esvaziar radicalismos.

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