Folha de S. Paulo


editorial

Dois por minuto

Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo,SP,Brasil 07.04.2016 Altura do numero 690 da Rua Joao Ramalho Policias isolam local onde assaltante foi baleado apos tentativa de assalto - saidinha de banco. Ferido foi socorrido com vida. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress cod0716
Policiais isolam local onde bandido foi baleado após tentativa de assalto em São Paulo

As estatísticas a respeito da criminalidade em São Paulo compõem dois quadros bem diversos.

Há, por um lado, uma persistente queda nos homicídios dolosos. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado, a taxa desses assassinatos passou de 34 por 100 mil habitantes, no início dos anos 2000, para 8, no ano passado (os números precisos são questionados; a tendência, não).

O resultado animador, entretanto, é acompanhado por um aumento quase constante dos crimes contra o patrimônio (roubo, furto, latrocínio, por exemplo). De 2002 até 2017, considerando-se os sete primeiros meses de cada ano, houve um crescimento de 16%.

De janeiro a julho deste ano, registraram-se cerca de 512 mil casos, numa assustadora marca de um crime a cada 30 segundos.

Numa escala de valores, não resta dúvida, a proteção da vida é sempre prioritária. Todavia, o fracasso em conter os delitos relacionados a bens gera uma insegurança que não se pode tolerar.

Ao longo de mais de duas décadas de gestão do PSDB no Estado, resultaram ineficazes as tentativas de redução consistente e prolongada de furtos e roubos. São vagas também as explicações a respeito do contraste de resultados alcançados no combate aos homicídios e aos crimes de patrimônio.

O secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, argumenta que o êxito no primeiro caso deveu-se sobretudo à campanha de desarmamento no Estado; quanto ao segundo, seria de enfrentamento mais difícil por seu caráter "difuso".

Em outras ocasiões, o secretário atribuiu o insucesso à recessão —ignorando que a escalada dos delitos já se verificava bem antes do descalabro econômico.

Entre especialistas em segurança circula explicação bem menos benevolente com o Estado: a fragilidade da polícia. Os delitos patrimoniais, mais do que os assassinatos, demandariam eficiência na investigação e no policiamento de rua para serem coibidos.

Levando-se em conta que apenas 2% dos roubos são esclarecidos, é uma hipótese a ser considerada.

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