Quando decidimos lançar a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), em 2008, éramos poucos. Hoje reunimos centenas de empresas e lideranças comprometidas com o futuro, que assumem riscos, inovam e movem o Brasil.
Fizemos mais. Alcançamos parte do que nos propúnhamos no Manifesto pela Inovação de 2009. Nele, firmamos compromisso de vencer esse desafio.
É papel do setor privado ser o protagonista desse projeto. É nossa responsabilidade, pois inovação é o pilar do sucesso de cada empresa, uma exigência dos consumidores e uma alavanca para a competitividade.
Colaborando com o setor público, melhoramos nossas políticas, ganhamos foco e estimulamos uma cooperação inédita entre agências públicas, como o Inova Empresa. Criamos instrumentos, como a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e os institutos Senai de inovação, e fortalecemos a educação profissional.
Mas o quadro mudou, e muito, com a crise. Nosso plano, hoje, para empresas, sociedade e governo, é necessariamente um ajuste de contas: regras rígidas para os orçamentos futuros, compromisso com a responsabilidade fiscal, reforma trabalhista e reforma da Previdência.
São medidas para dar um rumo ao país e retomar o crescimento. Essa era uma agenda esquecida, mas sem a qual o nosso futuro será dúbio e incerto, não nos permitindo diminuir pobreza e desigualdades.
Estamos fazendo um grande ajuste de contas com o passado. Agora, precisamos saber como será nosso acerto com o futuro. Uma nova e dramática revolução industrial bate à nossa porta. Não estaremos alheios a ela. Se nada fizermos para nos adequar às mudanças, essa revolução nos condenará ao esquecimento.
A digitalização da manufatura, a rastreabilidade dos processos, a computação em nuvem e a robótica colaborativa, entre outros processos que são a base da indústria 4.0, dão margem à integração entre o mundo real e o digital.
O redesenho do chão de fábrica, das cadeias de suprimento e da logística traz ganhos extraordinários de produtividade e permite customizar a produção, além de atender a transformações na demanda. A manufatura aditiva, a internet das coisas e a inteligência artificial potencializam tudo isso.
Essas mudanças possibilitarão novos modelos de negócios e integração entre indústria e serviços. Transformarão todas as atividades econômicas e impactarão a estrutura de emprego e os requisitos de qualificação profissional. Exigirão políticas que minimizem os custos de transição.
O Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que ocorre nesta semana em São Paulo, mostra que o setor privado brasileiro quer liderar essa modificação de atitude no Brasil, renovando os compromissos com nossas empresas e com o país.
Compromisso de se engajar na nova revolução industrial; compromisso de trazer a inovação para o plano estratégico das empresas; compromisso de difundir esses conceitos na cadeia de valor; compromisso de manter um diálogo aberto com o governo.
A revolução tecnológica que balança as estruturas de toda a economia nos coloca imensos desafios, mas traz oportunidades e possibilidade de criar novos negócios, de explorar alternativas novas e de construir novas trajetórias.
Isso requer coragem e determinação. Coragem de assumir nossas responsabilidades. Coragem de quem tem por missão aceitar riscos e inovar. Determinação de perseverar na Mobilização Empresarial pela Inovação.
ROBSON BRAGA DE ANDRADE, empresário, é presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
PEDRO WONGTSCHOWSKI, engenheiro químico, é vice-presidente do Conselho de Administração da Ultrapar
PARTICIPAÇÃO
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