Folha de S. Paulo


Paulo Fernando Cidade de Araújo

Pesquisa científica impulsiona agricultura

Resultados parciais de projeto de pesquisa financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) mostram que é grande, e poderá ser ainda maior, a contribuição da agricultura ao desenvolvimento do Estado.

Para cada real investido em pesquisa pública na área, há um retorno entre R$ 10 e R$ 12 para a economia paulista.

Os ganhos de produtividade agrícola entre 1990 e 2013 foram acompanhados pelo crescimento acelerado da renda per capita rural. No triênio 1995-1997, ela equivalia a 21% da renda urbana em São Paulo, com o mesmo percentual observado em relação à renda per capita nacional.

No triênio 2010-2012, essas mesmas razões se elevaram para pouco mais de 30% no país e 53% no Estado. Mudanças que sugerem uma forte redução da diferença entre a renda das pessoas no meio rural paulista e a correspondente no meio urbano-industrial.

Especialização com impressionante substituição de lavouras teve a cana-de-açúcar em São Paulo, cuja área colhida foi multiplicada por 2,7 entre os triênios 1990-1992 e 2010-2012. Dessa expansão, resultou o crescimento da participação da cultura canavieira no valor real da produção agrícola paulista, de 37% para 59%.

A produtividade da cana em São Paulo supera a média nacional do segmento, principalmente em função dos investimentos em pesquisa de nossos institutos e, recentemente, de instituições privadas do setor sucroalcooleiro.

Em relação à ineficiência técnica na produção de cana, os resultados estimados sugerem ganhos de rendimento no uso de carregadeiras, sementes melhoradas, adubação verde e assistência técnica.

Pela pesquisa, foi possível observar ser heterogênea a eficiência técnica no Estado de São Paulo, coexistindo produtores que otimizam o uso de fatores produtivos com os que não utilizam de forma oportuna terra, trabalho e capital. Por outro lado, a produção canavieira apresenta padrões de elevada competência nas mesorregiões do noroeste e oeste do Estado.

As vantagens comparativas do desenvolvimento de São Paulo explicam o destaque dos setores agroindustrial e de serviços. Esses segmentos essenciais representam 9,5% do agronegócio.

Os insumos para a agropecuária respondem por 6% do PIB do agronegócio. Adicionando essa cifra à da agroindústria, a atividade industrial predomina com 47,5% do total do PIB agroestadual.

Os investimentos da Fapesp em pesquisa e desenvolvimento apresentaram efeitos laterais positivos para a agricultura e a sociedade. Entre 1981 e 2013, esses investimentos tiveram o valor médio anual de R$1 bilhão, nível próximo à receita anual da fundação.

Na agricultura, totalizaram, em 32 anos, R$ 3,4 bilhões. Apenas em 2013, somaram R$ 200 milhões (20% do total investido no último ano da série). As linhas de pesquisa inovação tecnológica e programas especiais cresceram, entre 2002 e 2013, a taxas anuais superiores a 4% e 3%, respectivamente.

PAULO FERNANDO CIDADE DE ARAÚJO, engenheiro agrônomo e economista, é professor sênior da Escola Superior de Agricultura da USP

PARTICIPAÇÃO

Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.


Endereço da página:

Links no texto: