Folha de S. Paulo


Duílio Diniz de Figueiredo

Belo Monte rumo à geração de energia

Depois de mais de 40 anos de estudos, debates e realizações, é um orgulho para o Brasil ver Belo Monte se tornando uma realidade.

Com a liberação da licença de operação pelo Ibama, atingimos mais um marco importante do empreendimento, pois assinala o início do enchimento do reservatório, que, quando concluído, permitirá o início da geração de energia elétrica em Belo Monte.

A usina, localizada no sudoeste do Pará, teve os estudos de seu potencial energético no rio Xingu iniciados em 1975, 40 anos atrás, mas foi especialmente a partir da concessão da licença prévia pelo Ibama, no início de 2010, que ocorreram as negociações mais intensas.

No mesmo período, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou os estudos de viabilidade da usina. Em junho de 2011, foi concedida a licença de instalação para a hidrelétrica.

Com 11.233 megawatts de potência instalada e um custo de R$ 25,9 bilhões, em valores de abril de 2010, data do leilão público de concessão da usina, Belo Monte, quando concluída em 2019, será a maior hidrelétrica genuinamente brasileira – Itaipu pertence ao Brasil e ao Paraguai– e a quarta do mundo.

Sua energia chegará a 17 Estados brasileiros, com capacidade para atender 18 milhões de residências, ou 60 milhões de pessoas –população equivalente à soma dos moradores dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A importância da hidrelétrica, no entanto, vai muito além da produção de energia. Seu projeto de engenharia é inovador, composto por dois reservatórios, um canal de 20 quilômetros de extensão, quase 300 metros de largura e 25 metros de profundidade, com 28 diques de contenção, alguns com até 60 metros de altura e outros com até 2.000 metros de extensão.

Foi a solução desenvolvida para aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Xingu, com o mínimo impacto ambiental, e, principalmente, manter intactas as terras indígenas. De fato, nenhum centímetro de área indígena será afetado pelo reservatório.

Outro grande marco de Belo Monte é o valor investido em projetos socioambientais, cujo montante atinge cerca de R$ 4,2 bilhões em valores nominais, em áreas urbanas, rurais e em terras indígenas, além de projetos estruturantes para o desenvolvimento sustentável da região de influência da hidrelétrica.

Nenhum outro projeto de infraestrutura no Brasil tem valores tão significativos em ações sociais e de mitigação de impactos. O cumprimento do Projeto Básico Ambiental (PBA) exigiu investimentos que levaram melhoria na qualidade de vida da população dos municípios do entorno da obra.

A usina de Belo Monte deixa um legado de realizações e de transformações socioambientais para as comunidades indígenas e tradicionais –dentre tantas ações registra-se as 30 Unidades Básicas de Saúde e 4 hospitais construídos e equipados.

Nossas ações na área de educação contemplaram mais de 22 mil alunos. Também retiramos cerca de 25 mil pessoas de áreas afetadas, beneficiando mais de 3,7 mil famílias que receberam casas de qualidade em novos bairros equipados.

Todos esses benefícios só foram possíveis pela ação direta da Norte Energia na construção dessa colossal obra de infraestrutura que é a usina hidrelétrica de Belo Monte.

DUÍLIO DINIZ DE FIGUEIREDO, 66, engenheiro, é presidente da Norte Energia, empresa responsável pela construção da usina de Belo Monte

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