Folha de S. Paulo


opinião

Brigitte Wenner e Ozimar Pereira: Olimpíada Internacional de Matemática para os brasileiros

A matemática é um dos alicerces do conhecimento e do desenvolvimento humano. No entanto, a disciplina, muitas vezes, carrega a pecha de ser chata, díficil e não ter ligação com o cotidiano dos alunos.

No Brasil, os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) e da Prova Brasil comprovam que o aprendizado desta matéria ainda é um grande desafio. Mas a história de Artur Avila, o primeiro brasileiro vencedor da Medalha Fields, considerada o "Nobel de Matemática", é uma prova que este cenário pode mudar.

Em entrevista para esta Folha no último dia 22 de março, Artur Ávila ressalta a importência delas para atrair o aluno para a Matemática. "O contato com as olimpíadas pode gerar uma nova relação com a matemática. Aquilo que era chato pode passar a ser interessante", disse.

No Brasil, existem atualmente três competições: a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras (MSF). Todas estão com inscrições abertas e são uma boa oportunidade para para nossos estudantes se interessarem e melhorarem o aprendizado em Matemática.

A OBM é aberta a todos os estudantes dos ensinos fundamental 2 (a partir do 6ª ano), médio e universitário das escolas públicas e privadas. A OBMEP é dirigida apenas às escolas públicas para estudantes dos Ensinos Fundamental (a partir do 6º) Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A MSF também vale para as escolas públicas e privadas do todo o Brasil e tem dois diferenciais: podem participar alunos do Ensino Fundamental 1 (a partir do 4° ano) e, o mais importante, é disputada em grupos, entre as classes das escolas. Não é individual como as competições brasileiras.

A MSF foi criada em 1989 pela Academia de Strasbourg, órgão do Ministério da Educação da França. Hoje envolve países da Europa, América, Ásia e África e é traduzida para 11 idiomas. Em 2014, participaram das provas 163.000 estudantes de 6.400 classes de 35 países.

No Brasil, onde é organizada pela Rede do Programa de Olimpíadas de Conhecimento (Rede POC), com apoio do Consulado Geral da França de São Paulo, participaram 13.000 estudantes de 455 classes.

Sua originalidade reside no fato de ser uma competição interclasses. Os problemas propostos são concretos ou abstratos, possuem um caráter lúdico e um toque de bom humor. São relacionados à vida cotidiana ou a outras diferentes áreas, além da Matemática: Física, Economia, Topografia, Astronomia etc, com referências históricas, geográficas e culturais.

O domínio da língua escrita é fundamental para a compreensão dos enunciados e para a expressão da solução de maneira clara e correta. O enunciado de um dos problemas é feito em idioma estrangeiro e a solução deve ser redigida no mesmo idioma escolhido. No Brasil, os idiomas são: Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano.

Os problemas exigem diversas competências: observação, imaginação, intuição, o cuidado da resolução, tomada de iniciativa, raciocínio estruturado. Dessa maneira todos os estudantes da classe, sejam os que tenham maior facilidade com a Matemática ou não, podem contribuir na resolução dos problemas. O resultado é um verdadeiro trabalho em equipe.

Estimular os estudantes brasileiros a participar destas competições é uma grande contribuição à melhoria do ensino de Matemática.

BRIGITTE WENNER é presidente da Association Internationale Mathématiques Sans Frontieres e supervisora regional de Matemática do Ministério da Educação da França

OZIMAR PEREIRA é coordenador da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras no Brasil e diretor acadêmico de Rede do Programa de Olimpíadas do Conhecimento

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