As pessoas estão fartas da política brasileira. Dois terços da população acham que os representantes eleitos não trabalham pelo bem comum: a qualidade dos serviços públicos é muito baixa, e a corrupção corre solta. Como podemos fazer a nossa parte? Não será pela omissão, mas pelo ativismo democrático.
A participação na vida pública pode se dar de muitas maneiras: debates, protestos ou ativismo digital. Mas, em uma democracia, os partidos detêm o monopólio da representação, pois são caminho obrigatório para a disputa de eleições. Por isso, a participação mais ativa requer o ingresso em um partido.
Hoje, porém, as agremiações partidárias estão desacreditadas e entupidas. Segundo o Datafolha, 71% dos brasileiros não têm partido de preferência. Vige o ceticismo em relação aos méritos da atividade partidária e à possibilidade de fazer política com ética –vide o petrolão.
Esse ceticismo deve ser revertido para que possamos mudar a política. O movimento Onda Azul sugere melhorias concretas na forma como o principal partido de oposição –o PSDB– funciona. Nosso manifesto conclama aqueles que acreditam nos valores social-democratas a um ato de filiação coletiva ao partido.
A proposta é tornar o PSDB uma instituição mais inclusiva e transparente para que mais pessoas participem ativamente da política e para que haja mecanismos de competição interna, como as prévias.
A boa militância também requer conteúdo e debate de políticas públicas. O movimento Construindo a Alternativa, iniciado voluntariamente para discutir propostas no âmbito das atividades da oposição, no ano passado, propõe-se a continuar esse trabalho, de maneira ainda mais ampla e participativa.
Afinal, o Brasil precisa construir uma estratégia de desenvolvimento e compor uma nova agenda nacional, uma vez que a do atual governo se provou fracassada.
Nosso combustível é a vontade de agir para transformar o Estado em um organismo mais próximo da vida dos cidadãos. Entre propostas que apoiamos está a do voto distrital como primeiro passo da reforma política. Julgamos que uma etapa crucial desta luta é sua adoção para a eleição de vereadores em municípios com mais de 200 mil eleitores –que abrigam quase 40% da população brasileira– nos moldes do projeto de lei nº 25, de 2015, do senador José Serra (PSDB-SP).
Muitos criticam os políticos como se eles não fossem o espelho da sociedade. Das câmaras municipais à Presidência da República, porém, todos são eleitos pelo voto.
Há muita gente ruim? Sem dúvida. Temos é de lutar para melhorar a qualidade do voto, promovendo mudanças no sistema eleitoral, exigindo melhores políticas públicas e informando cada vez melhor os eleitores. É preciso que nos engajemos na construção de uma democracia muito mais participativa. A crítica pela crítica é um caminho estéril.
Desde 2013, a sociedade mostrou que está desperta. Foi às ruas para exigir atitudes concretas por parte dos políticos. Ao final de 2014, novos movimentos surgiram para reivindicar governos melhores. O desafio está à nossa frente. A mobilização continua e precisa se aprofundar. A participação é o caminho.
FELIPE SALTO, 28, é assessor econômico do senador José Serra (PSDB-SP) e HUMBERTO LAUDARES, 35, é consultor de políticas públicas. Ambos são economistas e membros-fundadores dos movimentos Onda Azul e Construindo a Alternativa
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